Kassav com o melhor da música ao vivo

kassavNervos à flor da pele, passos apressados em direcção ao Estádio Nacional da Cidadela e corações palpitantes de milhares de fãs, ansiosos por voltar a sentir a "magia" do zouk antilhano, marcaram sábado à noite os bastidores da quarta actuação dos Kassav em Angola.

Perto de 30 mil pessoas saídas de vários cantos do país uniram-se em volta de um grupo que veio a Luanda sem uma das suas vozes históricas: o falecido Patrick Saint-Éloi, mas teve arte para entreter um povo que começou a conquistar em 1985.

A actuação de Jocelyne Beroard, Jacob Desvarieux, Jean-Philippe Marthely, Jean-Claude Naimro, Georges Decimus e companheiros dominou as conversas dos fãs, que "desafiaram" a chuva e tomaram de "assalto" a Cidadela, para aplaudir as estrelas.

Com um publico amante dos Cassav dezenas de artistas nacionais e profissionais de Comunicação Social engrossaram a "claque" dos autores de "Rete", suportando desde cedo uma dura fila à entrada do estádio nacional, que fazia mudar a rotina no Bairro Nelito Soares e nos arredores.

A enchente ao redor do portão de acesso surpreendia e era crescente, à medida que se aproximava a hora do início da actuação dos Kassav. Gente de vários estratos sociais fazia-se à Cidadela, "forçando" gritos e correria aos agentes da Polícia Nacional.

Já passava das 19:00 (uma hora depois do previsto), quando se intensificou a correria dos fãs, em direcção ao recinto, onde a cantora angolana Yola Semedo fazia as honras da casa. O céu continuava cinzento, ameaçando chuva, mas por quase todos os caminhos de acesso era grande a agitação de viaturas e peões.

A vencedora do Top dos Mais Queridos cantava ao seu jeito peculiar, enquanto centenas de compatriotas se acotovelavam e misturavam suor do lado de fora, para furar o bloqueio dos seguranças privados contratados pela organização, em auxílio à polícia.

O ambiente já era de festa, ansiedade e tensão, quer na plateia, quer no camarim, onde cada um dos artistas seleccionados fazia contas à vida, recorrendo a "rezas invisíveis" ou outras forma de descontracção, para estar à altura das exigências.

Foi nesse clima que subiram ao palco Yannick, Yuri da Cunha e Calado Show, antes do momento mais esperado da noite, que começou a agitar a Cidadela, às 22:22 minutos.

(Entrada do grupo e reacção dos fãs)

As estrelas da noite subiram ao palco depois de um momento de descontracção, propiciado pelo humorista Calado Show.

Aquando da entrada, os aplausos da plateia fizeram-se notar, dando a prova que nem a chuva teria força para travar a festa.

De pronto o grupo iniciou o desfile, com um tema não muito popular, todavia com energia para fazer levantar os fãs. Coube a "Gadé Aw" abrir o desfile musical de uma banda que conquistou o Mundo, com um zouk refinado e puro.

Logo a seguir vieram dois temas de sucesso "Aye Pamol" e "Se Dam Boujou", este último na voz de Jean-Philippe Marthely, que tentava, desde então, dominar o público com o seu característico espírito criativo e de animação.

O repertório parecia centralizado, bem ao gosto dos angolanos, aos quais a banda proporcionou, de imediato, uma série de seis temas de grande aceitação no país, entre os quais "Di Mwen", "Ou Le", "Kole Sere" e "Yélele".

Por essa altura, Jocelyne procede à apresentação do grupo, deixando a que cada um dos colegas tivesse um momento de brilho individual, em que se destacou a corista Marie José Gibon.

O bloco a seguir abriu em força, com o tema "Avewdou Dou", na voz de Naimro, seguido de "Bel Kréati", "Mwendi Awa", apreciado atentamente por um público agora mais retraído.

Nessa altura, uma claque na fila de frente começa por chamar o nome do guitarrista Jacob, num som que contagia aos poucos os milhares de fãs e a Marthely, que ajuda a criar clima para o primeiro momento de explosão. É a vez de "Banzawa".

O público mostra, finalmente, que está para dar cor à festa. Vozes ecoam pelos quatro cantos do estádio, enquanto alguns mais ousados dão um pé de dança, na relva, ao ritmo desse tema de sucesso.

O bloco a seguir abre-se com um instrumental, seguido de "Sie Bwa", "Anbalate", "Oupe Di Filou", "Rete", "Solei", "Siwó", "Meale" e "Kayemaman", para o delírio do público.

O clima agora era de incontida emoção. Mas a banda ainda teve tempo para "incendiar" a plateia, com "Timtim Bwazec", "Oh Madiana", "Soulaje Yo", "Toutri", "Mwen Malad Aw", antes de simular o fim do show, com uma saída de palco quase geral.

O público, ainda com forças para cantar, grita pelo nome da banda e, em pouco mais de dois minutos, o regresso se consuma e tudo recomeça. Agora o grupo volta para o assalto final, que fica a cargo de Jacob, com o tema mais expressivo dos Kassav "Zouk La Se Sel Medicaman Nou Ni", que fez levantar relva na colorida Cidadela.

(Pontuação do público)

Estava feita a história do show, terminado às 0:33, com pontuação positiva do público.