Irão afirma que foi Israel que cruzou 'a linha vermelha'

Irão afirma que foi Israel que cruzou 'a linha vermelha'

O ministro da Defesa do Irão, o general Amad Vahidi, declarou neste sábado que Israel, "que possui dezenas de ogivas nucleares, cruzou a linha vermelha", em resposta ao discurso do primeiro-ministro de Israel, que exigiu que a comunidade internacional estabeleça uma "linha vermelha" para o enriquecimento de urânio de Teerão.

"Se possuir a arma nuclear significa cruzar a linha vermelha, o regime sionista, que possui dezenas de ogivas nucleares e armas de destruição em massa, cruzou há vários anos a linha vermelha, e temos que detê-lo", declarou Vahidi.

"Quem é mais perigoso, o regime de ocupação e agressor sionista, que possui armas nucleares, ou o Irão, que não tem armas nucleares e que é o país que mais insiste no desarmamento nuclear, e busca unicamente dominar a energia nuclear com fins pacíficos dentro das regras internacionais?", questionou o ministro.

O iraniano acrescentou que os Estados Unidos e os países ocidentais deveriam romper suas relações com Israel e impor sanções "até a destruição total das armas de destruição em massa deste regime".

Israel nunca confirmou ter armas nucleares, contudo, os especialistas acreditam que o Estado hebreu conta com ao menos 200 ogivas nucleares.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, alertou na quinta-feira, na Assembleia Geral da ONU em Nova York, que "já é tarde" para impedir o Irã de adquirir uma arma nuclear e exortou a comunidade internacional a exercer uma "linha vermelha" para o enriquecimento de urânio de Teerão.

"Está ficando tarde, muito tarde", alertou Netanyahu, ao dizer que o programa nuclear iraniano já avançou 70% no processo de enriquecimento de urânio necessário para a bomba atômica.

O Irão deve ser interrompido antes que atinja 90% do desenvolvimento de seu programa nuclear, disse Netanyahu, em um discurso em que ele usou um gráfico de uma bomba com o pavio aceso, representando o programa de enriquecimento iraniano.

O candidato republicano à presidência dos Estados Unidos, Mitt Romney, manteve uma conversa telefônica na sexta-feira com Netanyahu sobre o programa nuclear do Irã, horas depois de um contato entre o chefe de Estado de Israel e o presidente americano.

"Nós temos o mesmo interesse em garantir que o Irão não desenvolva capacidade nuclear que ameace a existência de Israel ou que provoque a devastação de outros países", afirmou Romney aos jornalistas.

"Não acho que, dentro de nossa análise final, devamos usar a acção militar. Realmente espero que não tenhamos que fazê-lo. Mas tampouco excluo a opção da mesa, os iranianos devem saber que esta é uma ferramenta possível que podemos utilizar para evitar que se desenvolvam armas nucleares", disse o candidato.

Romney criticou o presidente Barack Obama por não ter se encontrado com Netanyahu durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, celebrada esta semana em Nova York.

Obama e Netanyahu também sustentaram um diálogo telefônico na sexta-feira, onde destacaram "que estão completamente de acordo sobre o objetivo comum de impedir que o Irão obtenha uma arma nuclear".

Romney e Netanyahu são amigos desde o final dos anos 1970, quando se conheceram enquanto trabalhavam na empresa Boston Consulting.

Israel e os países ocidentais acusam a República Islâmica de querer armas nucleares, o que o governo iraniano nega.