Abusos de menores são “profanação da imagem de Deus” diz Papa Francisco

Abusos de menores são “profanação da imagem de Deus” diz Papa Francisco

Na Capela da Casa de Santa Marta o Papa Francisco celebrou Missa nesta segunda-feira, dia 7, na presença de um grupo de pessoas vítimas de abusos sexuais por parte de membros do clero. Viveram-se momentos de grande intensidade e emoção.
Na sua homilia, pronunciada em espanhol, o Papa Francisco recordou a imagem de Pedro quando olha para Jesus que saía do interrogatório antes da sua morte e cruza o seu olhar com aquele de Jesus e chora. Hoje o coração da Igreja – afirmou o Santo Padre – vê os olhos de Jesus nas crianças abusadas. E os abusos são bem mais do que atos desprezáveis, são verdadeiros “sacrilégios” – sublinhou o Papa:
“... porque estes meninos e meninas tinham sido confiados ao carisma sacerdotal, para conduzi-los a Deus e esses sacrificaram-nos ao ídolo da sua concupiscência.”
Estes atos profanaram a imagem de Deus – continuou o Papa que considerou que estes atos execráveis perpetrados contra menores deixaram cicatrizes para toda a vida. “A estas famílias ofereço os meus sentimentos de amor e de dor” – reiterou o Papa Francisco que pediu perdão pelos abusos cometidos pelo clero:
“Perante Deus e o Seu povo estou profundamente desolado pelos pecados e graves crimes de abuso sexual cometidos por membros do clero contra vós e humildemente peço-vos perdão.”
O Santo Padre pediu também “perdão pelos pecados de omissão por parte dos chefes da Igreja que não responderam de maneira adequada às denúncias”. O Papa deixou claro que na Igreja não há lugar para quem comete abusos sexuais:
“Não há lugar no ministério da Igreja para aqueles que cometem abusos sexuais; e empenho-me a não tolerar o dano cometido a um menor por parte de quem quer que seja, independentemente do seu estado clerical.”
O Papa Francisco assegurou que continuará a estar atento à preparação para o sacerdócio contando também com a Comissão Pontifícia para a Tutela dos Menores. Recordemos que esta Comissão foi criada pelo Papa Francisco e integra a francesa Catherine Bonnet, estudiosa de psicologia e psiquiatria; a irlandesa Marie Collins, representante das vítimas de abusos; a inglesa Sheila Hollins, docente de psiquiatria; o jurista italiano Claudio Papale; a ex-primeira ministra polaca Hanna Suchocka; o jesuíta alemão Hans Zollner, decano da Faculdade de Psicologia da Universidade Gregoriana; o jesuíta argentino Humberto Miguel Yanez, diretor do departamento de Teologia Moral da Gregoriana e ex-docente no Seminário São Miguel de Buenos Aires.