“Devemos ser peregrinos de paz no nosso país” diz Arcebispo de Bangui

“Devemos ser peregrinos de paz no nosso país” diz Arcebispo de Bangui

 “O Papa veio como peregrino para nos convidar à paz. Agora devemos fazer-nos peregrinos de paz no nosso próprio País” – disse Dom  Dieudonné Nzapalainga, arcebispo de Bangui, capital da República Centro-africana, ao explicar o seu gesto de percorrer a pé o bairro muçulmano de Bangui, PK5, depois das tensões dos dias passado devido à exclusão, por parte do Tribunal Constitucional, da candidatura do ex-presidente do País, François Bozizé às eleições agendadas para o próximo dia 27 deste mês.

Durante a visita – disse o arcebispo à agencia noticiosa, Fides, “mandei parar o carro e prossegui a pé no bairro PK5 juntamente com os jovens, numa caravana de paz, saudando aqueles com quem cruzávamos. Temos de fazer cair os muros do medo e da desconfiança, para irmos ao encontro do outro, saudando e falando com ele” – frisou o arcebispo – acrescentando que a visita do Papa Francisco voltou a dar a confiança às pessoas e isto permitiu a retomada de algumas actividades económicas.  

“Andei pelo bairro como peregrino de paz – disse ainda Dom Nzapalinga, convidando uns e outros a acolherem-se reciprocamente e a reconstruírem o País com base na reconciliação, que podemos traduzir no termo Misericórdia que o Papa Francisco veio propor-nos.”

A propósito da visita do Santo Padre à República Centro-africana, o arcebispo de Bangui sublinhou que os muçulmanos são os primeiros a dizer “o Papa veio, queremos a paz, não queremos mais a guerra”. O Papa – prosseguiu ainda D. Nzapalainga -marcou profundamente a comunidade muçulmana. É significativo que os jovens do bairro PK5 tenham deposto as armas para falar com os seus irmãos cristãos. O espírito que nos transmitiu o Santo Padre continua, portanto, a soprar sobre o País” – rematou o prelado.

Entretanto, um apelo à paz, à justiça, ao amor, à misericórdia e à coabitação pacífica foi dirigido aos refugiados centro-africanos da zona fronteiriça  de Zongo entre a República Centro-africana e República Democrática do Congo pelo Núncio Apostólico na RDC, D. Luís Mariano Montemayor.

O apelo foi lançado durante uma Missa celebrada na Paróquia de São Francisco de Assis em Libenge, na Diocese de Molegbe. Missa concelebrada pelo arcebispo de Bangui, juntamente com o Bispo de Molebgbe, D. Domenique Bulamatari.

Durante a celebração o Núncio Apostólico ao recordar as palavras do Papa Francisco às populações centro-africanas, aos refugiados, aos cristãos e aos muçulmanos, sublinhou a necessidade de uma forte mudança da sociedade a fim de garantir um futuro melhor às novas gerações do País.

O Núncio Montemayor não teve dúvidas ao sublinhar que a guerra na República Centro-africana não tem como pano de fundo as diferenças religiosas, mas sim interesses político-económicos.