Sínodo 2012: Papa apresenta questão sobre Deus como preocupação central

Sínodo 2012: Papa apresenta questão sobre Deus como preocupação central

Bento XVI deu hoje início aos trabalhos do Sínodo dos Bispos de 2012, dedicado ao tema da nova evangelização, sublinhando a centralidade das questões sobre Deus para a existência de cada pessoa.

“Por detrás do silêncio do universo, por detrás das nuvens da história, há ou não um Deus? E se há esse Deus, que nos conhece, o que tem a ver connosco?", exemplificou o Papa perante os mais de 260 participantes na 13ª assembleia sinodal ordinária, a decorrer no Vaticano.

Lembrando que "muitas pessoas se perguntam" se Deus é ou não uma "hipótese', Bento XVI declarou que o Evangelho (palavra de origem grega que significa boa notícia) "quer dizer que Deus rompeu o seu silêncio, falou, existe".

No seu primeiro discurso na sala do Sínodo, o Papa frisou que “o cristão não deve ser morno”, afirmando mesmo que “este é o mais grave perigo para o cristianismo de hoje”.

Para Bento XVI, é importante recuperar o sentido da confissão (confessio, em latim) da fé, que implica um risco de morte e capacidade de sofrer por aquilo em que se acredita.

“Isto garante a credibilidade: a confissão implica a disponibilidade de dar a minha vida, de aceitar o sofrimento”, referiu.

Segundo o Papa, a fé não é algo que se possa “deixar cair” e a sua confissão “é o primeiro alicerce da evangelização”, que se deve tornar visível através da ação de caridade para ser “força do presente e do futuro”.

“O fogo é luz, é calor, força de transformação: a cultura humana começou quando o homem descobriu que podia criar o fogo que destrói, mas, sobretudo, transforma, renova e cria uma novidade, a do homem que se torna luz em Deus”, prosseguiu.

A primeira reunião (congregação) geral da assembleia contou com a introdução do secretário-geral do Sínodo, D. Nikola Eterovic, o qual alertou para os perigos do individualismo.

“A nossa cultura exalta o indivíduo e minimiza a relação necessária entre as pessoas. Exaltando a liberdade individual e a autonomia, é fácil perder de vista a nossa dependência dos outros e a responsabilidade diante do outro”, referiu.

O Papa inaugurou este domingo a 13ª assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos, que se vai prolongar até ao próximo dia 28.

A iniciativa é dedicada ao tema ‘A nova evangelização para a transmissão da fé cristã’, contando com a maior presença de participantes na história destes eventos: 262 cardeais, arcebispos e bispos, a que se juntam peritos e outros convidados, incluindo representantes de outras 15 Igrejas cristãs.

Entre os presentes incluem-se dois representantes da Conferência Episcopal Portuguesa: D. Manuel Clemente, bispo do Porto, e D. António Couto, bispo de Lamego.

O Sínodo dos Bispos, criado pelo Papa Paulo VI em 1965, pode ser definido em termos gerais como uma assembleia consultiva de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo.

AE