Angola vai aumentar a sua liquidez a partir deste ano.
O facto deriva da injecção de moeda estrangeira no país, na sequência da lei para o sector petrolífero.
A legislação que entrou em vigor a 1 deste mês, poder injectar cerca de 10 mil milhões de dólares por ano em Angola.
A nova lei sobre o regime cambial aplicável ao sector petrolífero obriga as empresas petrolíferas a pagar bens e serviços só por meio de bancos angolanos.
Antes, as petrolíferas transferiam o dinheiro do estrangeiro.
A lei, aprovada em 2011 e que obriga as companhias petrolíferas a pagar aos seus fornecedores através de bancos angolanos foi proposta pela primeira vez há oito anos atrás.
Até então as petrolíferas podiam pagar bens e serviços fornecidos por empresas não sediadas em Angola, com contas offshore, estando apenas obrigadas a transferir para Angola os fundos necessários para o pagamento de impostos.
Para o analista Joseph Lake, da Economist Intelligence Unit, serão criadas oportunidades para a consolidação e fortalecimento do sistema financeiro angolano. "A nova lei irá aprofundar e aumentar a credibilidade internacional do sistema bancário angolano ao incorporar as transações petrolíferas", acredita o analista. "Isto irá provocar um aumento de liquidez que alguns estimam que se possa situar em dez mil milhões de dólares por ano, o que constitui uma enorme mudança para o sector financeiro local", diz.
Mais reservas de moeda estrangeira para Angola
A nova legislação, que será aplicada gradualmente, determina que os pagamentos feitos por companhias petrolíferas a empresas estrangeiras ou locais sejam feitos em dólares ou em kwanzas.
A partir de Maio de 2013 o pagamento de impostos também terá de ser feito via bancos angolanos e a partir de Julho de 2013 os pagamentos a fornecedores locais terão de ser feitos em kwanzas.
Apesar de injectar mais capital no país, a nova lei para o segundo maior produtor de petróleo africano também poderá causar empréstimos em excesso. Mas, estará o sistema bancário angolano preparado para lidar com esta injecção de liquidez? "Vai demorar algum tempo. Haverá problemas iniciais", acredita Joseph Lake. Segundo ele, espera-se um aumento das reservas angolanas de divisa estrangeira. Segundo Joseph Lake, isso poderá "suportar "o Kwanza e "limitará a inflação importada".
Os vencedores neste processo poderão ser os grandes bancos angolanos, como o Banco Angolano de Investimento e o Banco Privado Angolano, ambos com participação da empresa petrolífera estatal Sonangol no seu capital social. Outros bancos estão bem colocados para capturar uma significante fatia dos fundos, incluindo o sul-africano Standard Bank e a Caixa Geral Totta de Angola.
Nova lei aumentará concessão de empréstimos
O impacto sobre a economia angolana deverá ser enorme. A maior liquidez dos bancos permitir-lhe-á conceder créditos que poderão ajudar a desenvolver o sector privado angolano, segundo Joseph Lake, que ponderá, por outro lado: é preciso alguma cautela.
"A nova legislação também poderá ter consequências negativas, por exemplo um aumento das taxas bancárias locais, o atraso no processo das transações e também se corre o risco que o atraso nos pagamentos conduza à redução, a curto prazo, da produção petrolífera", afirma o especialista. Para Lake, "a nível macroeconómico, o imenso fluxo de liquidez poderá levar à concessão excessiva de créditos e a pressões inflacionistas."