O músico, compositor e instrumentista angolano Eduardo Paim foi hoje distinguido com o Prémio Nacional de Cultura e Artes/2012, na categoria de música, pelo Ministério da Cultura.
Segundo o relatório final do júri deste concurso, lido pelo seu presidente Zavoni Ntondo, o prémio coube a Eduardo Paim por ser um artista que, com 33 anos de carreira, constitui um representante activo da música e consta dos alicerces da história contemporânea angolana, ao ser considerado o precursor do ritmo kizomba.
Na disciplina de literatura, atribuiu-se o prémio a José Mena Abrantes, que dedicou parte da sua vida à produção de textos dramáticos, modalidade literária raramente cultivada em Angola e pouco conhecida enquanto tal.
Além de escrever peças de teatro e de se dedicar à direcção do grupo Elinga-Teatro, desde 1988, produziu também romances, poesia e ensaios.
“O conjunto da obra de José Mena Abrantes é consubstanciado por uma profunda carga existencial”, assevera-se.
Já com a obra “Angola-Portugal, Representações de si e de Outrem ou Jogo Equivoco das Identidades”, Arlindo do Carmo Pires Barbeitos venceu a disciplina de investigação em ciências humanas e sociais.
O relatório indica que foi devido à relevância, pertinência, cientificidade e pelo interesse deste trabalho que se escolheu a mesma. Este livro vai enriquecer a bibliografia angolana com mais um documento que retrata um fragmento da história de Angola e contribui, por um lado, para a compreensão dos equívocos do fenómeno de assimilação.
Nas artes plásticas, o prémio coube a Kiluanji Kia Henda, pelo conjunto da sua obra e, dada a sua internacionalização, pelas exposições fotográficas no contexto da arte contemporânea.
O trabalho deste artista tem sido destacado em importantes iniciativas e espaços de diferentes países nos continentes africano, europeu, americano e asiático, razão pela qual, diz o documento, é um dos artistas angolanos com maior reconhecimento internacional no panorama artístico da actualidade.
O grupo teatral Henrique Artes é o vencedor na disciplina de teatro, pelo conjunto da sua obra, bem como por se tornar uma marca de incontornável referência do teatro angolano, com uma componente de regularidade cénica, exibindo uma produção com padrões internacionais.
“ Hotel Comarca”, uma das suas peças de referência, mostra de modo vivo e envolvente sonhos e frustrações de um grupo de reclusos.
Na disciplina de cinema e audiovisuais, o júri atribuiu o prémio ao realizador Alberto Botelho, pelo conjunto das suas obras, desde “ Encurralada”, “O Amor de Mariana” e “Os Emplastros”, sendo esta última uma comédia social de redenção, amor e conflitos familiares, que se transformam, de forma natural, em momentos hilariantes, protagonizados por cinco velhos traquinos, amigos e viúvos.
O grupo tradicional “Ombembwa”, da província do Cunene, venceu a categoria de dança, pelo conjunto da sua obra e por ser, entre outros aspectos, o fiel depositário das tradições da escola de iniciação masculina denominada “Mukoka”, entre os povos Nhaneka Humbi, onde a dança Jando apresenta-se como a principal arte identitária da instituição Mukoka.
Todos os vencedores do Prémio Nacional de Cultura e Artes terão direito ao valor equivalente em kwanzas a três milhões e quinhentos, um diploma e uma estatueta.