O director-geral do Fundo das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), José Grasiano da Silva, afirmou em Luanda, que Angola possui um forte potencial para o desenvolvimento da agricultura familiar, ocupando lugares privilegiados a nível da CPLP.
Em declarações à imprensa, no final de uma audiência, quarta-feira, com o ministro da Agricultura, Afonso Pedro Canga, o mais alto dirigente da FAO informou que um estudo realizado por este órgão das Nações Unidas, em torno da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa coloca Angola acima do Brasil, com uma diferença considerável, em termos de produção familiar.
Salientou que dados do referido estudo indicam que Angola actualmente tem ocupado, na agricultura familiar, 13 milhões e 200 mil pessoas, enquanto o Brasil contabiliza 12 milhões pessoas neste sector. "Portanto, Angola tem um milhão de pessoas a mais ocupadas na agricultura familiar em relação ao Brasil", precisou.
Segundo José Grasiano da Silva, o Brasil foi muito bem sucedido em promover a agricultura familiar, e Angola tem um potencial muito grande que motiva a desenvolver essa área.
Por esta razão, disse o responsável da FAO, os dois países estão interessadas em cooperar em matérias de investigação e experimentação, com a intermediação das Nações Unidas.
"A FAO (Fundo das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação) vai intermediar a relação com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agro-pecuária (Embrapa), para poder fazer a cooperação triangular e acelerar o processo de recuperação da área de pesquisa e experimentação de Angola para melhorar a performance do país nesta matéria", garantiu.
Quanto à audiência com o ministro angolano, José Grasiano da Silva disse que serviu para tratar do portfólio dos projectos entre a FAO e o Governo Angolano, reflectidos numa cooperação/colaboração que se amplia cada vez mais.
"As novas áreas que nós consideramos hoje (durante o encontro) de prioritárias foi dentro do apoio que estamos a dar na agricultura familiar e a comercialização. Tornar os agricultores mais voltados para o mercado, mais presentes e estimular que eles aumentem a produtividade para que este excedente possa abastecer os mercados locais" - frisou.
Acrescentou que a reunião serviu também para as partes analisarem a cooperação sul-sul com outros países, na qual ressalta o papel da cooperação com a Imbrapa do Brasil, na recuperação da capacidade de pesquisa e experimentação por parte de Angola.
Na opinião deste brasileiro, Angola teve no passado, antes da guerra, um sistema de pesquisa agro-pecuária e veterinária que se equiparava ao da África do Sul, e em algumas áreas tinha a liderança em relação a este país da África Austral, pelo que só agora, com o fim do conflito armado pode ser recuperado.
Este processo, advertiu, demora tempo e envolve investimentos, mas afigura-se como uma oportunidade para integra os jovens angolanos que estão a se formar nas universidades, quer em Angola quer no estrangeiro, para poderem trabalhar no seu próprio país e ajudar a fortalecer, em particular, a agricultura familiar.
Por sua vez, o ministro da Agricultura, Afonso Pedro Canga, enalteceu as relações de amizade e de cooperação com o Brasil, por permitirem a transferência de tecnologia, de conhecimentos e o diálogo, além da assistência técnica.