O artista plástico Jorge Gumbe afirmou hoje, terça-feira, em Veneza (Itália), que a presença das artes plásticas angolanas na Bienal de Veneza, para além ser positiva, representa um grande desafio para os criadores nacionais, tendo em conta a visibilidade e a projecção internacional a que estão submetidos.
“Esta participação, que posso avaliar com sendo bastante positiva e proveitosa, vai obrigar a que todos os artistas plásticos angolanos tenham uma atenção especial e maior cuidado aquando da produção das suas obras, porque ganhamos pontos em Veneza, que farão com que críticos e coleccionadores acompanhem de perto o nosso trabalho”, asseverou Jorge Gumbe em entrevista à Angop.
Como um dos curadores do Pavilhão de Angola (os outros são Paula Nascimento e Stefano Pansera), Jorge Gumbe avança que tem recebido diversas solicitações de críticos e coleccionadores para exposições individuais e venda de obras de artistas plásticos angolanos.
“A atribuição do Leão de Ouro ao Pavilhão de Angola fez com que diversas pessoas, entre entendidos na matéria das artes plásticas e curiosos, tivessem como destino o local, para ver de perto o exposto. Felizmente, tem sido muito bom para os criadores angolanos, porque aumentaram também os pedidos de compra das nossas obras e para a realização de exposições fora do país”, reforçou.
Jorge Gumbe realça que tal projecção deve também levar o Governo a reforçar a sua política de apoio aos criadores nacionais, pois está também em jogo o nome de Angola.
“Quando os estrangeiros olham para os trabalhos dos criadores angolanos não o fazem de forma individual, mas sim de forma colectiva, e nesta avaliação também está em causa o nome do país, porque representamos Angola nestes eventos”, disse.
Aos criadores angolanos, Jorge Gumbe diz ser necessário organizarem-se no sentido de melhor conseguir o apoio, colocando ao dispor do público trabalhos com elevada qualidade temática.
“Não basta só produzir, porque produzir por produzir não significa qualidade. Temos que apostar com mais rigor na qualidade, para que os consumidores se sintam satisfeitos com o produto que levam a casa. É necessário que quem compra uma obra, seja lá de modalidade artística for, diga no fim que o dinheiro gasto foi bem empregue, motivando-o a voltar para mais compras”, asseverou.
Angola participa no evento pela primeira vez, com um pavilhão instalado no palácio Cini, um edifício histórico onde se encontra uma colecção de arte e mobiliário renascentista, que acolhe a exposição de pintura e escultura "Angola em Movimento", com obras vindas da colecção da seguradora ENSA, na qual estão representados artistas como Francisco Van-Dúnem, António Ole, Fineza Teta e Marco Kabenda, e "Luanda, Cidade Enciclopédica", que inclui 23 fotografias de Edson Chagas.
Com os curadores Paula Nascimento, Jorge Gumbe e Stefano Pansera, o pavilhão foi inaugurado pela ministra da Cultura, Rosa Cruz e Silva, na passada quinta-feira (30 de Maio), numa cerimónia que arrastou ao local diversas individualidades.
Fonte:Angop