Hoje é dia nacional da cultura

cultminisA ministra da Cultura, Rosa Cruz e Silva reconheceu ontem, no Cuito, a falta de técnicos especializados nos vários domínios das artes, tendo realçado que se deve aumentar a capacidade técnica dos homens de cultura.
Rosa Cruz e Silva, que falava ontem na abertura dos seminários sobre gestão de arquivos, dinamização cultural, gestão de património edificado e classificado, língua umbundo e gestão cultural, por ocasião do Dia da Cultura Nacional, que hoje se assinala, realçou que se deve aumentar as capacidades artísticas, sobretudo no domínio da acção cultural.
"Não temos coreógrafos, não temos especialistas, que no domínio da dança possam fazer aquele exercício que os jovens vêm tentando fazer, no caso da nossa dança tradicional, estilizá-la, dar-lhe um outro toque, para adaptação aos tempos modernos. Para isso, nós precisamos de especialistas", disse.

Segundo J.A. A ministra reconheceu a falta de bibliotecários, arquivistas, museólogos e gestores de património, tendo considerado que a gestão, manutenção e conservação do património cultural é uma tarefa de todos.
Rosa Cruz e Silva mostrou-se preocupada com a falta de passagem de testemunho dos mais velhos às novas gerações, ao mesmo tempo que anunciou a realização este ano da segunda edição do Festival Nacional de Cultura (Fenacult), na cidade do Huambo.
Enquadrado no programa do 8 de Janeiro, Dia da Cultura Nacional, a ministra Rosa Cruz e Silva e o governador do Bié, Boavida Neto, depositaram ontem coroas de flores no túmulo do soldado desconhecido, no cemitério Monumento, e visitaram o Museu do Cuito, que está  localizado no mesmo cemitério. No referido cemitério, onde estão expostas fotografias, urnas e objectos de algumas figuras falecidas durante o conflito armado no Cuito, com destaque para os generais Alfredo Cussumua e Simione Nucune, a ministra da Cultura deixou expressa no livro de honra uma mensagem.



Acto central

A inauguração, às 9h00, da Casa de Cultura Dr. Agostinho Neto, e a deposição de uma coroa de flores no busto do saudoso Presidente António Agostinho Neto, pelo governador da província do Bié e pela ministra da Cultura, são as principais actividades que marcam o acto central do 8 de Janeiro, a nível nacional. Além dessas actividades, vai ser lançada uma antologia poética de Jovens do Bié e um DVD "Moçambicanos falam sobre Agostinho Neto'', tendo como local a nova Casa de Cultura Dr. Agostinho Neto, uma iniciativa do governo local, em colaboração com o Instituto Nacional das Indústrias Culturais (INIC) e a Fundação Agostinho Neto.
Neste dia está programado também a outorga de diploma de honra à empresa de promoção de actividades culturais, a Organizações Thillana, outorga de diploma de mérito ao grupo de teatro INE-MARISTAS do Cuito e ao fim do dia uma animação cultural a ter lugar no Cine Sporting Petróleos do Bié.  A mostra "Exposição documental e fotográfica sobre a província do Bié'', uma sessão de cinema com a exibição do filme "Quem  Somos  Nós", do realizador Chico Júnior, e a realização de um espectáculo de variedades com a participação da banda Akapana e os cantores Sabino Henda, Justino Handanga, Bessa Teixeira, Bela Chicola, Pop Show, Legalize, entre outros da província, fazem também parte das actividades para hoje.

Feira de Artes e Cultura

Rosa Cruz e Silva considerou sexta-feira, na cidade do Cuito, a Feira de Artes e Cultura como um meio para o impulsionamento e divulgação da cultura nacional.
A ministra fez estas considerações na abertura das festividades do Dia da Cultura, cujo acto central é na cidade do Cuito. A ministra caracterizou a Feira em duas vertentes, sendo uma cultural, que serviu para transmitir os usos e costumes do povo da região do Bié, e outra artesanal, para mostrar a criatividade do povo.
Quanto à exposição de livros, a governante disse ser uma grande oportunidade para o público leitor da província adquirir uma variedade de obras literárias de autores nacionais, bem como obras de carácter académico e científico.
Rosa Cruz e Silva aconselhou os expositores da província a organizarem-se em associações de forma que possam participar nas feiras nacionais organizadas pelo Ministério e de forma uniformizada mostrarem o grande potencial da cultura da região.
Na feira, que termina hoje, estão expostas diferentes peças de argila, madeira, cestaria e peles de animais que abundam na região.
Rosa Cruz e Silva disse que com a ajuda da direcção provincial da Cultura vão ser constituídas associações. "Os escultores da província podem transformar a sua criatividade numa actividade de rendimento, mas para tal devem estar associados", alertou.
O Ministério da Cultura, disse a ministra, vai trabalhar em coordenação com o governo da província para que eventos do género se repitam mais vezes e que em todos os municípios do interior se realizem actividades do género de acordo com a especificidade de cada região.

Escultor

Estêvão Tomás, escultor de 28 anos de idade, disse que aprendeu a arte com o pai e cada peça que confecciona tem um significado relacionado com os usos e costumes dos povos desta região.
"Não obtenho muitos rendimentos com o trabalho que pratico", acrescentou, dizendo que o valor de cada peça depende das dimensões e do material, e que o preço oscila entre mil e 60 mil kwanzas. O mesmo acontece com o trabalho desenvolvido pelo artista plástico Joaquim Vitangui. Os quadros por si produzidos retratam o dia-a-dia do povo desta região.