A professora de língua portuguesa e literatura africana da Universidade Tuscia di Viterbo, Mariagrazia Russo afirmou sexta-feira em Luanda que a literatura africana, em particular a angolana, é leccionada em todos os cursos no território italiano, em que a língua portuguesa consta do currículo anual.
A investigadora que falava na conferência “Itália encontra Pepetela”, que serviu para a apresentação do livro “Jaime Bunda, Agente Secreto”, agora traduzido em italiano, num acto realizado na União dos Escritores Angolanos (UEA), enquadrado na Semana da Cultura Italiana, disse que actualmente a Itália já traduziu obras de 33 autores angolanos.
De acordo com J.A. A professora informou ainda que os romances de Pepetela, em particular, são muito apreciados pelos estudantes de literatura e de língua portuguesa, pelo que conta com seis obras traduzidas em italiano. “José Eduardo Agualusa é o escritor angolano com o maior número de livros publicados em italiano, num total de dez”, disse.
“O sistema de ensino italiano dá muito espaço à literatura africana de expressão portuguesa e as obras de autores angolanos, em particular as de Pepetela, são muito estudadas nas minhas aulas”, garantiu.
Mariagrazia Russo, que é também promotora da iniciativa de traduzir os livros “Jaime Bunda, Agente Secreto” e “A Montanha da Água Lilás”, de Pepetela, considera a literatura angolana, em particular estes dois livros, de interessante, pela forma como apresenta factos históricos de forma irónica. A professora disse que esta tradução de obras para italiano é bastante importante para uma maior promoção e divulgação da literatura de Angola no mundo, “uma vez que ainda é pouco conhecida”.
A professora informou igualmente que publica, em Dezembro, um livro de investigação, intitulado “Escrever de Angola”, com vários capítulos da história do país, sobre a literatura e as línguas nacionais. “O estudo vai abordar, também, em dois capítulos temas ligados aos arquivos e documentos da Pide e sobre a obra de Agostinho Neto”, disse.
O livro, acrescentou, vai ser editado em português, pela editora Tuga e constitui, para a autora, mais um instrumento para os estudantes italianos poderem aprender mais sobre a vida e a cultura de Angola.
“A literatura angolana é divertida e de sensibilidade comum, perto da cultura de base, pela maneira de criticar a sociedade, através das análises que faz da vida quotidiana”, adiantou.
Pepetela, presente na actividade, referiu que a tradução de obras de autores angolanos é um contributo essencial à divulgação da cultura nacional, pois permite que os leitores italianos conheçam melhor as suas obras e, em particular, a literatura angolana.
Pepetela destacou ainda que é muito importante que a iniciativa abranja outros escritores nacionais, no sentido de serem traduzidos também os seus trabalhos. A edição italiana dos livros de Pepetela foi traduzida por Daniele Petruccioli e é uma publicação da E/O, com apoio do Istituto Portoghese del Libro e delle Biblioteche e o Instituto Camões.
O programa da Temporada da Cultura Italiana de 2012 reserva ainda para o dia 18, no Cine Atlântico, em Luanda, a projecção do filme “Benviados ao Norte”. A actividade encerra no dia 22, no Elinga Teatro, em Luanda, com uma exposição de quadros de pintura e mostras de mosaicos e a divulgação dos vencedores da 5ª edição do Concurso de Pintura Angolana para jovens não conceituados no mundo da arte.