A cidade de Mbanza Congo pode ser declarada património da humanidade em 2014 ou o mais tardar até 2015, disse ontem, em Luanda, aos jornalistas ministra da Cultura.
Rosa Cruz e Silva, que fez o anúncio no final da primeira sessão ordinária da Comissão para a Política Social do Conselho de Ministros, afirmou que se está a trabalhar para até 2014 ou 2015 a capital do antigo reino do Congo ser declarada pela UNESCO património da humanidade.
O projecto foi um dos assuntos discutidos na reunião de ontem da Comissão para a Política Social do Conselho de Ministros, orientada pelo Vice-Presidente da República.
Rosa Cruz e Silva informou a comissão que “faltam ainda algumas tarefas a cumprir, como o levantamento da documentação bibliográfica a partir do exterior do país”, designadamente no Vaticano, em França e na Bélgica.
“Entendo a expectativa à volta da nomeação, mas este é um processo longo”, disse Rosa Cruz e Silva, referindo-se ao período desde o levantamento da documentação bibliográfica até a declaração da UNESCO.
“Quando entregarmos o dossier, em 2013, os peritos da UNESCO vão avaliá-lo e se houver alguma falha ou incumprimento remetem-nos para a correcção e só depois disso ficamos à espera, durante um ano, para a nomeação”, esclareceu.
A ministra disse que a equipa técnica do Projecto Mbanza Congo se desloca ao Vaticano, a França e à Bélgica no primeiro trimestre do próximo ano e justificou a viagem com “a necessidade de se terem documentos autênticos”.
“Há documentos que estamos a consultar e outros já publicados, mas precisamos dos documentos autênticos para incluí-los no dossier e darmos, assim, prova de alguns temas relacionados com a diplomacia do reino do Congo, como as várias cartas que os reis enviaram para Portugal, Madrid, Roma e Holanda”, declarou.
Sobre o financiamento, revelou que o projecto, que aguarda pela aprovação do Conselho de Ministros, está avaliado em mais de 75 milhões de kwanzas e que os principais financiadores são as petrolíferas Chevron e Esso, “sem contar com as receitas provenientes do Orçamento Geral do Estado” (OGE). “Para 2013 precisamos de 50 milhões de kwanzas, mas até ao momento estamos a trabalhar com apenas 300 mil que conseguimos daquelas petrolíferas e do OGE”, disse.
A ministra lembrou que Mbanza Congo é a apenas a primeira candidata de Angola a património da humanidade, pois as pinturas rupestres de Thitundo-hulo, na província do Namibe, também podem concorrer. A prioridade, esclareceu, recaiu ao Projecto Mbanza Congo “por carecer de mais tempo de preparação comparativamente ao de Tchitundo-hulo”.
Sobre Mbanza Congo
A cidade de Mbanza Congo, capital da província do Zaire, foi a capital do antigo reino do Congo e designou-se São Salvador do Congo até 1975. A cidade, fundada antes da chegada dos portugueses, era a capital de uma dinastia que governava desde 1483.
Quando os portugueses chegaram já era uma grande cidade, a maior da África sub-equatorial. Durante o reinado de Afonso I, foram criadas edificações de pedra, incluindo o palácio e muitas igrejas. No ano de 1549, por influência dos missionários portugueses, foi construída uma igreja católica considerada a mais antiga da África Sub-Saariana.
A igreja, com o nome de nkulumbimbi, foi elevada ao estatuto de catedral em 1596. O Papa João Paulo II visitou-a em 1992.
O nome São Salvador do Congo apareceu pela primeira vez em cartas enviadas por Álvaro I do Congo ou Álvaro II do Congo, entre os anos 1568 e 1587. A cidade voltou a chamar-se MBanza Congo após a independência de Angola, em 1975.
A cidade foi saqueada várias vezes durante as guerras civis do século XVII, principalmente na batalha de Mbwila, abandonada em 1678 e reocupada em 1705 por seguidores de Dona Beatriz Kimpa Vita.