Antigos técnicos de saúde que participaram no combate e controlo da doença do sono, no tempo da chamada pentamidina (fármaco que combate um tipo de pneumonia grave e o protozoário responsável pela doença do sono), em Angola, dos quais Agostinho Mendes de Carvalho (ex-ministro da Saúde), são homenageados hoje, pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
A homenagem vai decorrer na República Democrática do Congo (RDC), no quadro do Congresso Internacional das doenças infecciosas e parasitárias, organizado pela Sanofi, um dos líderes mundiais da indústria farmacêutica, presente em mais de 100 países nos cinco continentes.
De acordo com a Angop, vão ser homenageados cerca de 20 africanos, alguns a título póstumo, que também deram o seu contributo na luta contra a doença do sono nos seus respectivos países.
A delegação angolana no congresso, chefiada pelo professor Josenando Téofilo, director-geral do Instituto de Combate e Controlo das Tripanossomíases (ICCT), em representação do ministro da Saúde, integra alguns antigos funcionários e filhos de outros já falecidos, que vão representar o grupo de angolanos a ser homenageado.
Em declarações à Angop, momentos antes de partir para a República Democrática do Congo, Josenando Teófilo louvou a iniciativa da OMS ao reconhecer o mérito de antigos trabalhadores empenhados na luta contra a doença do sono.
Em Angola, o combate à doença do sono começou em 1901 com a chegada de Portugal do médico Aníbal Bettencourt, que veio averiguar as causas da morte dos trabalhadores do Caminho-de-Ferro de Malange. Em 1951, o combate à doença do sono foi intensificada com a chegada das equipas de pentamidina. Em 1974, Angola notificou 45 casos de doença do sono, dos quais três novos.
Com o reatamento do conflito armado, a doença do sono aumentou significativamente, atingindo 8.275 casos novos, no ano de 1997, sendo o pico mais alto da história da doença desde 1949.
De acordo com a OMS, Angola, que era o segundo país no ranking dos países mais afectados pela tripanossomíase humana africana, ocupa agora a quarta posição, depois da RD Congo, Sudão e Uganda, devido aos esforços do Executivo, que tem disponibilizado recursos, e o empenho dos trabalhadores do ICCT. Actualmente, o nosso país notifica menos de 300 novos casos de doença do sono por ano.
A doença do sono, ou tripanossomíase africana, é uma doença frequentemente fatal causada pelo parasita unicelular Trypanosoma brucei. Há duas formas: uma na África Ocidental, incluindo Angola e Guiné-Bissau, causada pela subespécie T. brucei gambiense, que assume forma crónica, e outra na África Oriental, incluindo Moçambique, causada pelo T. brucei rhodesiense, forma aguda. Ambos os parasitas são transmitidos pela picada da mosca tsé-tsé (do género Glossina) que são o seu vector de transmissão.