O escritor angolano Lopito Feijó considerou hoje, quarta-feira, em Luanda, “muito bom” o movimento editorial ao nível da literatura angolana, apesar de a qualidade literária estar a decair, razão pela qual não surgem novas revelações.
Segundo Lopito Feijó, que falava sobre o movimento literário angolano, depois dos anos 80 surgiram poucos nomes de realce no mercado, apesar de haver condições editoriais.
“Conhecemos muito poucos nomes que nós podemos embandeirar além-fronteiras em nome da literatura angolana. Isto quer dizer que, se por um lado, o movimento editorial tem crescido, com o nascimento de novas editoras, por outro, os autores não têm sabido corresponder com qualidade a necessária”, asseverou.
Mesmo na União dos Escritores Angolanos (UEA), instituição que tem editado com frequência, Lopito Feijó disse que “ se denota que quem faz a boa e melhor literatura, ainda hoje, são os autores da geração de 70 e 80”.
“ Na década de 80, assumimos a função de sujeitos e objecto da própria produção.
Produzimos e olhamos para nossa produção, razão pela qual surgiram críticos, poetas e ficcionistas”, indicou.
O escritor fundamenta que a razão de ser desta situação actual deve-se essencialmente ao fraco domínio da língua portuguesa e das outras línguas nacionais.
O interlocutor aponta ser necessário no âmbito da reforma educativa que se está a empreender no país ter-se muita atenção com o ensino da língua, pois o não domínio reflecte-se na escrita.
“A situação é preocupante, pois não podemos ficar 10 anos seguidos sem revelação literária.
Todos os anos ou pelo menos de cinco em cinco anos deve haver uma revelação na poesia, na prosa, nos ensaios, na ficção e crítica”, salientou.
Lopito Feijó apontou os nomes de Ondjaki e Nok Nogueira como dos poucos nomes, do início do século XXI que se notabilizam, sendo que o primeiro “redige bem e tem uma ginástica mental de considerar e o segundo deu mostras de que tem pés para andar”.
Lopito Feijó, nasceu em Malanje, a 29 de Setembro de 1963. Estudou Direito em Luanda na Universidade Agostinho Neto (UAN).
Poeta e crítico literário, é membro fundador da Brigada Jovem de Literatura de Luanda (BJLL), e do colectivo de trabalhos literários OHANDANJI. É membro da União dos Escritores Angolanos (UEA) e actualmente é presidente da Sociedade Angolana de Direito do Autor (SADIA).
Tem colaboração dispersa em publicações em Angola e no estrangeiro, É membro da academia brasileira de letras “Casa Raúl De Leoni” bem como da International Poetry dos EUA e da Maison International de la Poesie, sediada em Bruxelas, Reino da Bélgica.
Lopito Feijó é autor de obras como "Entre o Écran e o Esperma", seu livro de estreia lançado em 1985, "Doutrina", 1987, "Me Ditando", 1987, "Rosa Cor-de-Rosa", 1987, "Na Idade de Cristo", 1987, "Corpo a Corpo" , 1987, "Cartas de Amor", 1990 e "O Brilho do Bronze", 2006.
Fonte: Angop