Durante dois dias os 80 participantes ao encontro abordaram questões relacionadas com os modelos de articulação entre as administrações locais e as autoridades tradicionais, esperando-se propostas tendentes a melhorar a organização das actividades, num contexto de mudanças social e política, sendo o evento estruturado em três painéis de trabalho, designadamente "As Autoridades Tradicionais hoje: Papel e Desafios nos processos de liderança comunitária e das autarquias", "As Autoridades Tradicionais: Perspectiva Jurídico- legal" e "Comunidades, Reis e Reinos de Angola".
Dados oficiais indicam a existência, no país, de 50 mil autoridades tradicionais cadastradas. Os participantes destacaram, igualmente, a necessidade da revogação da legislação que estabelece o uso de fardamentos como identificação das autoridades tradicionais e que seja encorajado o uso de vestimentas e adornos identitários da linhagem e das respectivas regiões.
No comunicado final do III Encontro Nacional dos "Mais Velhos", que encerrou na tarde desta Quarta-feira em Luanda, os participantes desencorajam a entronização de pessoas alheias às linhagens dos soberanos.
A ministra da Cultura Carolina cerqueira, em representação do Presidente João Lourenço, falou a organização deste III Encontro sobre as Autoridades Tradicionais que, pela primeira vez é de responsabilidade do Ministério da Cultura, constitui um desafio para aqueles que respondem pelo tratamento quotidiano deste assunto e suas problemáticas. Na presente conjuntura, estão na ordem do dia questões como a Administração Local e Autárquica para as quais existe legislação específica. “Mas falarmos de administração local e de autarquias aproxima-nos de uma instituição tão antiga, quanto anterior ao Estado angolano moderno: as autoridades tradicionais”.
O Estado angolano tem promovido ao longo dos anos um conjunto de iniciativas e actividades que têm visado o reconhecimento institucional e jurídico das autoridades tradicionais, como a determinação do seu espaço de intervenção e a criação de condições para a sua dignificação, tais como a atribuição de trajes, de subsídios pecuniários e outros estímulos, que visam reconhecer a sua importância no quadro da estabilidade e da harmonia social nas comunidades.