A falta de obras literárias nacionais, sobretudo infantil, para pessoas com deficiência visual no país, levou hoje (quinta-feira) em Luanda várias escritoras a reagir contra o défice e apelar para melhor solução.
Segundo Angop a escritora Maria Celestina Fernandes, a sociedade e o Ministério da Cultura e Educação, particularmente, devem se preocupar com a lacuna de obras em braille, tendo em conta que actualmente há muitas pessoas portadoras desta deficiência.
"Urge a necessidade de se lembrarem desta faixa da população", afirmou à Angop a escritora, a margem da tertúlia, na Biblioteca Nacional de Angola, que decorreu sob o tema "Um olhar a literatura angolana pela valorização dos nossos autores".
Já a escritora Cremilda de Lima realçou ser uma "questão muito grande", pelo que a condição destes não impede que tenham as mesmas necessidades que os outros petizes.
Salientou que as instituições vocacionadas à orientação e formação dos estudantes devem passar a produzir obras nacionais direccionadas para eles, de forma a possibilitar "passear e viajar pelo mundo do imaginário. Sem o qual a vida só do dia-a-dia torna-se incómoda".
Corroborando do mesmo pensamento, Kangimbo Ananás salientou que o momento é apropriado para se fazer uma reflexão enorme e dar a conhecer aos mesmos a identidade cultural angolana."Hoje temos crianças que foram vítimas da guerra ou agressão que precisam... e vai ser também terapia para eles", afirmou a escritora.
Por sua vez, Marta Santos disse que a produção literária nesta vertente encontra-se atrasada, e o país tem muito a transmitir às novas gerações.
"O que vamos deixar para a amanhã deve servir de orgulho e não vergonha para nós", observou.
A Biblioteca Nacional tem 27 mil exemplares disponíveis e apenas um em braille, segundo Maria Ramos, directora da instituição.