O antigo presidente executivo do BES Angola (BESA) Álvaro Sobrinho assume culpas em problemas de liquidez naquela entidade, reconhecendo que "poderia ter feito melhor", mas apresentando números sobre a carteira de créditos do banco após a sua saída.
"Sou culpado, sou responsável, e se pudesse voltar atrás, se calhar poderia ter feito melhor", afirmou Álvaro Sobrinho, esta quinta-feira, na comissão parlamentar de inquérito ao caso BES/GES.
Ainda no que se refere ao BESA, Sobrinho trouxe ao Parlamento "factos" que asseveram que a carteira de crédito da entidade estava nos 6,7 mil milhões de dólares aquando da sua saída, no Verão de 2012, e em Junho do ano passado a mesma estava nos 9,2 mil milhões.
"Se o banco estava tão mau, se o rácio de transformação era péssimo, como se justifica este crescimento, com os depósitos a decrescerem?", questionou.
A prenda de 14 milhões para Salgado
Álvaro Sobrinho admitiu ter tido conhecimento da prenda de 14 milhões de euros que foi oferecida pelo construtor José Guilherme ao antigo presidente executivo do BES Ricardo Salgado, revelando mesmo ter ordenado o pagamento.
"Não só tive conhecimento, como a operação foi ordenada pelo senhor José Guilherme e fui eu o responsável pela operação", afirmou o antigo banqueiro angolano durante a audição na comissão parlamentar de inquérito ao caso BES/GES.
Quando o líder do BES Ricardo Salgado foi ouvido pelos deputados, no início da semana passada, escusou-se a falar em detalhe da prenda do "foro pessoal" que recebeu do construtor, alegando o Segredo de Justiça, já que é arguido no processo Monte Branco.
“Graças a Deus saí a tempo”
Nos esclarecimentos aos deputados, o antigo presidente do BESA admitiu que foi accionista da Espírito Santo International (ESI), “holding” de topo do GES.
"Fui accionista da ESI e graças a Deus saí a tempo de recuperar o meu dinheiro", afirmou Álvaro Sobrinho.
O banqueiro garantiu, ainda, que não teve “nenhuma” informação privilegiada. “Tive sorte”, declarou.
"Quando deixei a presidência executiva do BESA informei os membros do GES que queria sair do grupo, porque precisava do dinheiro para investir noutras coisas", argumentou na comissão parlamentar de inquérito.