Os 3.000 milhões de dólares que a Quantum Global geria em representação do Fundo Soberano de Angola (FSDEA) foram desbloqueados por ordem da Justiça britânica, informou hoje o presidente e fundador da empresa.
A informação consta de um comunicado da Quantum Global enviado à agência Lusa, no qual o fundador da empresa, o suíço-angolano Jean-Claude Bastos de Morais, que está a ser investigado pela Justiça angolana no âmbito deste processo, refere que o juiz de um tribunal inglês retirou "a ordem de congelamento na sua totalidade" daqueles investimentos do FSDEA.
"Sempre acreditei que a verdade e os factos sobre o nosso trabalho com o Fundo angolano seriam divulgados", afirma o empresário, aludindo à ordem internacional de bloqueio destes verbas e investimentos por parte das autoridades angolanas.
A Quanto Global refere que, na audiência desta segunda-feira - sem especificar o tribunal em causa - apresentou "evidências" e mostrou "que a empresa havia administrado os fundos do FSDEA sob contratos válidos com relatórios rigorosos e transparentes", mas também que as taxas e comissões que cobra "estavam de acordo com os padrões da indústria" e "que o mandato de gerenciamento do Fundo foi obtido após um rigoroso processo de selecção, e que os conflitos foram devidamente declarados".
"A ordem de congelamento tem impactado fortemente nossos projectos de investimento em Angola e em África, e causou sérias dificuldades para nossos funcionários em Angola, Ilhas Maurícias e Suíça, já que muitos deles não são pagos há meses. Continuo aberto a uma resolução negociada para a nossa disputa, para que possamos continuar a contribuir para o crescimento económico e a prosperidade de Angola e África", anuncia Jean Claude Bastos de Morais.
O antigo presidente do conselho de administração do FSDEA, José Filomeno dos Santos, está a ser investigado pela Procuradoria-Geral da República, num processo sobre a gestão de activos daquela instituição, confirmou anteriormente à Lusa aquela instituição.
De acordo com a fonte da Procuradoria-Geral da República de Angola, a investigação visa "alguns aspectos" da gestão do FSDEA - constituído com 5.000 milhões de dólares injectados pelo Estado - e além de José Filomeno dos Santos, filho do ex-Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, e envolve igualmente o seu sócio, o suíço-angolano Jean Claude Bastos de Morais, presidente e fundador da Quantum Global, empresa que geria a maior parte dos activos do fundo, entretanto afastada das funções pelo governo angolano.
Ambos já foram ouvidos neste processo, de acordo com a mesma fonte.