O segundo comandante da Polícia Nacional, Paulo de Almeida, admitiu ontem, em Luanda, que o processo de desarmamento da população civil em posse ilegal de armas de fogo pode terminar ainda este ano, quatro anos depois desde o seu início, em Maio de 2008. Mas o aumento de crimes com recurso à mão armada aconselha a que a campanha seja prolongada.
“A campanha de desarmamento da população civil termina este ano, uma vez que foi concebido inicialmente para dois anos. O processo foi prorrogado para mais dois anos em 2010. Vamos avaliar se estão reunidas as condições para encerrar de facto a campanha”, disse o comissário chefe Paulo de Almeida em entrevista ao Jornal de Angola.
O também coordenador da Comissão Nacional para o Desarmamento da População Civil em Posse Ilegal de Armas disse ao Jornal de Angola que a comissão vai pronunciar-se em breve sobre a viabilidade do encerramento da campanha.
Paulo de Almeida, que considerou positivo o balanço da campanha, reconheceu que nos dois últimos anos o processo não atingiu a meta que se esperava. O comandante da Polícia disse que “razões subjectivas não permitiram que houvesse uma certa dinamização da campanha. Atingimos a cifra de quase 85 mil armas recolhidas”.
O coordenador da Comissão Nacional para o Desarmamento da População Civil em Posse Ilegal de Armas garantiu que a comissão continua a recolher armas em posse ilegal de cidadãos, na forma da entrega voluntária e na forma de recolha coerciva. “Temos registado que muitos cidadãos ainda entregam voluntariamente as suas armas. Outras armas são recolhidas nas nossas operações policiais, principalmente nas mãos da população civil, sobretudo nas mãos dos delinquentes”, disse o segundo comandante da Polícia Nacional.
O comandante Paulo de Almeida admitiu que os departamentos interministeriais que fazem parte da Comissão de Desarmamento da População Civil “não levaram muito em conta o espírito da campanha.
A Comissão Nacional de Desarmamento da População Civil não é um órgão da Polícia, mas em determinado momento sentimos que se atribuiu responsabilidade total à Polícia Nacional”, disse. O comissário chefe da Polícia Nacional referiu que a Polícia Nacional cumpriu aquilo que lhe competia dentro do processo, mas há outras obrigações de vários sectores por serem cumpridas e isso faz com que não haja uma frente única de acção para levar avante o processo de desarmamento da população.