Angola descarta participação militar no processo

Angola descarta participação militar no processo

Angola descarta a participação militar no processo de pacificação em curso na República Democrática do Congo (RDC), garantiu ontem em Luanda o ministro das Relações Exteriores, Georges Chikoti.

O chefe da diplomacia angolana falava em conferência de imprensa a propósito da sua participação, hoje em Nairobi (Quénia), na Sexta Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo da Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos (CIRGL).

Georges Chikoti assegurou que Angola vai ajudar com ideias, opiniões e, eventualmente, na reconstrução daquele país vizinho.

“Temos uma negociação tripartida coordenada por Angola, em que está incluída a África do Sul e a República Democrática do Congo, em que vamos trabalhar juntos em vários projectos de desenvolvimento da RDC”, indicou o ministro, deixando claro que “não há envio de homens”.

O ministro das Relações Exteriores informou que existe uma unidade de militares que se desdobrou em Goma, na RDC, composta por 1.200 homens do exército da Tanzânia, outros da África do Sul e do Malawi.

Essa unidade especial, disse, vai estar na RDC para conter todo o tipo de operações militares que sejam realizadas pelos grupos militares que se encontram naquela região, particularmente o “M23”.

Sobre a Cimeira da CIRGL, frisou que se fundamenta no acordo assinado a 24 de Fevereiro em Addis Abeba, designado de 11+4. Chikoti sublinhou que essa Cimeira estava para se realizar em Luanda, mas foi transferida para o Quénia, sem no entanto ter avançado as razões da transferência do local.

O ministro disse que essa Cimeira é a primeira ao nível do 11+4, além de ser a expressão dos Estados-membros de ver a paz definitiva na RDC. “É também uma forma de trazer todos aqueles que têm algo a dizer ou a propor sobre as soluções na República Democrática do Congo”, acrescentou.

Chikoti salientou que as últimas informações apontam que o grupo rebelde M23 tende a baixar a intensidade dos ataques ou diminuí-los ou estão cada vez mais divididos, mas o que se quer é uma situação de paz total na RDC e na região norte do Kivu. “Então vamos ver que resultados podemos alcançar nesta Cimeira”, concluiu.

A situação na RDC vai dominar os temas da Cimeira, de acordo com fontes ligadas aos dossiers sobre a Região dos Grandes Lagos, porquanto a permanente instabilidade deste Estado membro tem desestabilizado as fronteiras dos países vizinhos. Mas também deve ser analisada a situação na República Centro-Africana e entre o Sudão e o Sudão do Sul.

A Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos foi criada em 1994, após conflitos que marcaram esta parte do continente africano, visando um esforço concentrado para a promoção da paz e o desenvolvimento sustentado.

O seu secretário-executivo é o congolês democrático Ntumba Luaba Lumu Alphonse Daniel, que tem como adjunto o angolano Vicente Muanda. O secretariado executivo foi inaugurado em Bujumbura (Burundi) em Maio de 2007.

A reunião de Nairobi, em que participam o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, tem o propósito de manter o compromisso e apoio da comunidade internacional ao processo de paz em curso na região dos Grandes Lagos. Estão asseguradas também as presenças da enviada especial do secretário-geral da ONU para os Grandes Lagos, Mary Robinson, e dos representantes da União Africana, SADC, RDC e do Uganda.