"Nós esperamos que Angola vá capitalizar sobre a realização no ano passado das eleições (legislativas) e que vá adoptar a nova Constituição, investigar e punir os crimes de abuso dos direitos humanos, e realizar a tempo as eleições presidenciais", salientou Hilary Clinton.
A secretária de Estado norte-americana falava aos jornalistas durante uma conferência de imprensa, após as conversações oficiais entre as delegações dos dois países, no âmbito da visita de dois dias que realiza desde hoje a Angola.
"Sabemos que isto tudo depende da transparência, responsabilização e da vigilância. Sentimo-nos encorajados com os passos que deu o Governo angolano na democratização. Por exemplo, as eleições legislativas do ano passado, as primeiras em 16 anos, que foram eleições que tiveram credibilidade", afirmou Clinton.
Segundo a antiga primeira-dama dos Estados Unidos, "a paz, depois de 27 anos de conflito, deu ao povo angolano a possibilidade de realizar o seu potencial e ao governo a oportunidade e responsabilidade de mostrar que a paz dá resultados".
"Os Estados Unidos serão o seu parceiro estratégico", garantiu.
"Nós vamos trabalhar juntos para revitalizar a
agricultura angolana, que no passado já foi um sector económico vital,
produtor, que proporcionou muitos empregos, e sector que foi destruído
pela guerra, mas que no futuro se pode tornar um motor económico
importante", frisou.
"Vamos cooperar para reforçar a segurança nacional
aqui na África Austral e trabalhar em parceria para lutar contra o
flagelo da malária, onde os EUA ajudaram a reduzir para metade o número
de crianças que morrem por ano", assegurou Hillary Clinton.
De acordo com a secretária de Estado, durante as
conversações oficiais foi debatida a possibilidade de aprofundar a
cooperação com Angola no domínio energético, especialmente nas energias
renováveis, sobretudo no potencial hidroeléctrico e segurança
energética que consiste na utilização dos recursos energéticos para o
desenvolvimento em Angola e em África.
"Vamos trabalhar juntos em matéria de comércio e investimentos entre os
dois países e isto dentro do acordo quadro do investimento e comércio.
A oportunidade e prosperidade para o povo angolano depende da boa
governação e das instituições democráticas", afirmou Hillary Clinton.
"É preciso reconhecer que Angola já iniciou os passos para aumentar a transparência. Angola está a publicar agora on line as receitas que recebe do petróleo, o governo angolano está a trabalhar com funcionários do Departamento do Tesouro no sentido de aumentar a transparência nas operações do Governo, em matéria do orçamento e das finanças do executivo", disse.
Acrescentou que o Governo de Angola já começou a implementar projectos que utilizem as receitas do petróleo para construir infra-estruturas, e depois de 27 anos de conflito Angola está a promover a reconciliação do povo.
"A boa governação, o Estado de direito serão parte da nossa parceria estratégica", frisou
Por seu lado, o ministro das Relações Exteriores angolano, Assunção dos Anjos, declarou que Angola se tem empenhado de forma "decisiva" no respeito pelos direitos humanos e no aumento de estruturas para erradicar a pobreza e elevar o nível de vida das populações.
"Para se erradicar a pobreza paulatinamente, criar emprego e proporcionar às nossas populações um nível de vida digno é preciso (...) investir no homem. Nós utilizamos grande parte da nossa capacidade. Criar riqueza e bem-estar não é pegar nas receitas do petróleo e fazer uma distribuição per capita", sublinhou.