O Navio da discórdia está a causar transtornos em mares benguelenses.
A embarcação americana está retida no Porto do Lobito e tem uma tripulação composta por 23 pessoas, sendo 20 norte-americano e três polacos.
Todos eles estão retidos, depois de detectadas 80 toneladas de material de guerra, em quatro contentores que foram já retirados do referido navio.
O material é composto por armas e mísseis anti aéreos e uma enorme quantidade de munições, supostamente com destino ao ministério da defesa do Quénia.
As autoridades portuárias angolanas mantêm retido um cargueiro americano depois de, quinta-feira de manhã, terem informado a tripulação de que o navio podia seguir viagem.
Os motivos invocados pelas autoridades angolanas, para esta mudança, ainda não foram esclarecidos.
O Maersk Constellation foi retido, esta semana, no Lobito sob alegação contrabando de material de guerra. O armador e a tripulação insistem que a mercadoria é legal, e aguardam a sua restituição para o navio seguir a sua rota de navegação.
As autoridades angolanas apreenderam quatro contentores com balas para armas ligeiras, alegando que os mesmos não estavam declarados no manifesto de carga. (Inicialmente, foi noticiado que se tratava de munições anti-aéreas).
Um porta-voz da Maersk, Kevin Speers, disse à VOA que a carga militar está a ser transportada para "um país aliado dos Estados Unidos ao abrigo de uma licença do Departamento de Estado obtida por um despachante sem ligação à nossa empresa, e em total conformidade com a legislação americana e internacional".
Speers adiantou que, ao fim do dia de quarta-feira, "as autoridades angolanas informaram o capitão que o processo de verificação dos documentos de carga estava concluído, que os contentores seriam devolvidos e que o navio podia seguir viagem".
Mas, de acordo com fontes da Voz da América, os quatros contentores de munições que segundo a tripulação se destinam às Forças Armadas do Quénia continuam à guarda de uma unidade militar em Benguela.
Kevin Speers declarou que a sua empresa continua envidar esforços, através de contactos com os governos angolano e americano, para que o Maersk Constellation retome a sua viagem.
A embaixada americana em Luanda disse, quarta-feira, ter conhecimento de uma "questão aduaneira" que as autoridades angolanas, dentro das suas "legítimas competências", estão a averiguar. Esclareceu, na ocasião que, para além de "mercadorias destinadas a outros países", o navio transportava assistência alimentar do governo americano para as escolas de Benguela.
O navio partiu do porto de Lake Charles, no estado de Louisiana, e fez uma escala em Dakar, a caminho do Lobito onde descarregou assistência alimentar americana antes de, numa inspecção, ter sido detectado o carregamento militar.
Reportagem de Zé Manel em Benguela