Angola concede ajuda à Guiné-Bissau

creditosAngola vai conceder uma linha de crédito de 25 milhões de dólares norte-americanos à Guiné-Bissau, anunciou ontem, em Luanda, o ministro das Relações Exteriores, Georges Chikoti, no final da visita do primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior a Angola.

De acordo com o ministro, que falava à imprensa no Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro, a linha de crédito vai servir para financiar empresas angolanas e guineenses para implementarem projectos naquele país. Um desses projectos consiste na exploração de bauxite.

Georges Chikoti considerou, contudo, que é necessário que haja um ambiente político e social que possa permitir a implementação da linha de crédito, bem como acelerar o programa no domínio da reforma do sector de defesa e segurança, em que Angola vai reabilitar alguns quartéis do exército da Guiné-Bissau.

De acordo com o ministro das Relações Exteriores, a visita serviu para se fazer um balanço da cooperação bilateral. "A visita serviu como ocasião para se rever a cooperação, sobretudo no âmbito da missão militar angolana na Guiné-Bissau (MISSANG)", sublinhou Georges Chikoti.

"Foi importante avaliarmos o estado de andamento da cooperação bilateral que vai ter um maior impulso a partir do mês de Janeiro, quando uma missão angolana for para implementar alguns aspectos do programa com a Guiné-Bissau", frisou.

De acordo com informação prestada pelo primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior, a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), um dos parceiros que vai assinar um acordo com a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), disponibilizou um montante de 23 milhões de dólares para se iniciar o programa do fundo de pensões e desmobilização dos efectivos militares que devem ir para a reserva.

O ministro das Relações Exteriores disse que "isso requer alguma coordenação entre a CPLP e a CEDEAO, bem como o governo da Guiné-Bissau, que tem que ser devidamente discutida". O fundo global para reinserção dos excedentes militares da Guiné-Bissau ronda os 45 milhões de dólares, dinheiro que aquele país não tem.

A esse propósito, o ministro Georges Chikoti defendeu a necessidade de a comunidade internacional participar no financiamento desse fundo, apontando particularmente os parceiros da Guiné-Bissau como a União Europeia.


"A Guiné-Bissau precisa dos 45 milhões de dólares para executar a primeira parte do programa de cinco anos, dentro deste processo da reforma" do sector de defesa e segurança. Em relação ao programa já em curso, no quadro da MISSANG, como a reabilitação de alguns quartéis, o ministro das Relações Exteriores informou que era necessário actualizar alguns aspectos para o financiamento dessas actividades, nomeadamente a existência de "infra-estruturas bancárias adequadas a esse tipo de operações".

A missão angolana naquele país lusófono, chefiada pelo secretário das Relações Exteriores, Manuel Augusto, que vai para a Guiné-Bissau em Janeiro, de acordo com o ministro Georges Chikoti, "pode coordenar todos estes aspectos para que o programa possa andar um pouco mais rápido".

De acordo com J.A. Georges Chikoti, o primeiro-ministro guineense agradeceu o apoio de Angola. Carlos Gomes Júnior chegou ao Palácio Presidencial da Cidade Alta por volta das 12 horas e foi recebido com honras militares.

Acompanhado do Presidente da República, José Eduardo dos Santos, passou em revista as tropas em parada e, de seguida, posou para a fotografia oficial.

Na Cidade Alta, o primeiro-ministro da Guiné-Bissau manteve um encontro privado com o Chefe de Estado angolano, que o brindou em seguida com um almoço oficial no Salão Nobre do Palácio Presidencial.

A presença de Carlos Gomes Júnior e a delegação governamental guineense na sede da presidência angolana durou aproximadamente duas horas. Nenhuma das partes fez declarações à imprensa.

Antes de ir ao Palácio Presidencial, o primeiro-ministro da Guiné-Bissau visitou a urbanização do Kilamba, onde foi recebido pelas autoridades administrativas locais.

Carlos Gomes Júnior veio a Angola acompanhado da ministra da Economia, Helena Embalo, e do secretário de Estado das Comunidades, Fernando Gomes Dias.

Recorde-se que Angola concedeu no princípio do ano um apoio financeiro à Guiné-Bissau e instalou em Março uma missão militar denominada MISSANG, que visa apoiar a reforma no sector da defesa e segurança daquele país. Angola está também a apoiar a modernização do sector da comunicação social da Guiné-Bissau.