
Na tradicional cerimónia de apresentação de cumprimentos pelos chefes das missões diplomáticas em Angola, no salão nobre do Palácio Presidencial da Cidade Alta, o Presidente José Eduardo dos Santos defendeu o pensamento político de centro-direita e de centro-esquerda, assim como as correntes moderadas das igrejas como únicos capazes de "moderar e enquadrar as intenções ou veleidades extremistas, em particular dos elementos conservadores", num mundo em que o "egoísmo fala mais alto e o diálogo é substituído pela força de vontade do mais forte".
O líder angolano considerou que "há ainda um longo período a percorrer" até "construir a confiança global em todas as nações pelo diálogo (...), sem que nenhuma tenha receio de ser humilhada ou subalternizada por outra". José Eduardo dos Santos convidou os diplomatas a reflectirem sobre como inverter a lógica que se vive no mundo actual em que "quem é mais forte impõe a sua vontade aos outros, quem é fraco trabalha para se tornar forte e imitar ou vingar-se do mais forte".
Segundo J.A. O Presidente voltou a falar do perigo que representam as ingerências externas nos assuntos internos de Estados soberanos, considerando-as "sempre susceptíveis de minar as relações e criar traumas e suspeições muitas vezes difíceis de ultrapassar". José Eduardo dos Santos defendeu, a propósito, que o diálogo e o entendimento pacífico devem ter primazia na resolução de todas as crises.
Para o líder angolano os tempos actuais estão ainda longe daquilo que se idealizou para o fim da guerra-fria. Considerou que estão ainda para vir os "novos tempos que o fim da guerra-fria deixou prever, quando todos acreditámos que a paz e a segurança mundial estavam garantidas e que as relações entre os países de todo o mundo se iriam, a partir de então, traduzir (...) no respeito pelas normas e princípios do direito internacional".
José Eduardo dos Santos defendeu a prioridade à solidariedade e à cooperação, como forma de se garantir que todos os países lutem juntos por "causas que beneficiam toda a Humanidade, como a defesa do ambiente, o combate ao narcotráfico e ao crime organizado, a promoção da saúde e o fim pacífico dos grandes conflitos". "Acredito", sublinhou, "que o bom senso acabará por prevalecer e que os dirigentes de todos os países irão reassumir as suas responsabilidades como legítimos representantes eleitos dos seus respectivos povos".