Tropas da MISSANG concluem retirada em Bissu

MISSANG_departure.pdf_-_Adobe_ReaderA Missão Militar Angolana na Guiné-Bissau concluiu neste sábado a sua retirada completa da cidade de Bissau.

Depois da interrupção do processo de reestruturação das Forças das Forças Armadas da Guiné Bissau, fruto dos constrangimentos decorrentes do golpe militar de 12 de Abril, protagonizado pelo auto proclamado comando militar, este sábado a MISSANG concluiu o processo de retirada do seu efectivo com todos os seus meios e máquinas

Na principal avenida, era notório a forte presença dos militares da CEDEAO com vista a garantia da saída segura da Missão angolana.


Num comunicado divulgado ontem mesmo em Luanda, o Executivo salienta que o processo incluiu a retirada completa por via marítima e aérea de todos os efectivos, assim como de todo o equipamento e técnica militar da MISSANG.

O documento esclarece que a MISSANG fora estabelecida ao abrigo de um protocolo assinado entre os ministros da Defesa dos dois países, complementar a um acordo governamental ratificado pelas Assembleias Nacionais de Angola e da Guiné Bissau, no âmbito da ajuda angolana ao Programa de Reforma das Forças Armadas guineenses.

Segundo o J.A. O programa, que foi interrompido, incluía a reparação de quartéis militares e esquadras policiais, a reorganização administrativa, a formação técnica e adestramento militar, bem como a formação de efectivos em instituições militares e policiais em Angola.

"A retirada, agora concluída, foi o culminar da decisão unilateral tomada pelo Governo angolano, na iminência de previsíveis alterações político-constitucionais que se consumaram com o golpe de Estado militar em 12 de Abril de 2012 na Guiné-Bissau", recorda o documento.

Apesar de não ter sido concluído o programa previsto no acordo e no protocolo mencionados, por razões alheias à sua vontade, "o Governo angolano retirou a MISSANG com a firme e inequívoca convicção do dever cumprido".

"Ao manifestar o gesto de amizade e de solidariedade de prestar a ajuda solicitada por um país irmão em dificuldades, assumiu sempre e em todas as circunstâncias, uma postura de espírito de respeito pela independência, soberania, integridade territorial e não ingerência nos assuntos internos da Guiné-Bissau", sublinha o comunicado do Executivo.

O Executivo angolano reitera que a MISSANG soube preservar a atitude de "equidistância em relação a todas as partes" e de "não ingerência nos assuntos internos da Guiné-Bissau", mantendo a frieza necessária, mesmo perante "provocações inusitadas daqueles que pretendiam justificar a licitude dos seus actos".

"O Executivo angolano louva a chefia, os efectivos e o pessoal administrativo da MISSANG, a quem exprime o seu reconhecimento pela dedicação e espírito de missão com que cumpriu exemplarmente o seu dever", salienta o documento, em que expressa, igualmente, os agradecimentos ao povo guineense pelo "acolhimento fraterno e hospitalidade que reservou à MISSANG durante a sua estada na Guiné-Bissau".

O último grupo de 96 militares do contingente da Missão Militar Angolana na Guiné-Bissau (MISSANG) deixou ontem a capital daquele país de regresso a Luanda.

Os efectivos da MISSANG começaram a deixar a Guiné-Bissau na quarta-feira.

Os militares angolanos deixaram Bissau com um forte dispositivo de segurança da missão da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que substitui a MISSANG na defesa e segurança daquele país lusófono.

O comandante da MISSANG, tenente-general Gildo dos Santos, foi o último a embarcar, num Boeing 737 da Sonair, enquanto dois aparelhos do tipo Il 76, da Força Aérea Nacional, levavam parte do efectivo e os seus pertences.

Gildo dos Santos disse, na hora do adeus, que o efectivo da MISSANG saía de Bissau com o sentido do dever cumprido:

"A nossa actividade decorria de acordo com o que estava rubricado nos acordos entre os dois Governos. O Estado angolano deu por terminada a sua missão. A MISSANG acaba de retirar o seu efectivo".

O oficial general, apesar do desfecho da missão, dirigiu uma palavra de apreço ao efectivo das Forças de Defesa e Segurança da Guiné-Bissau, incluindo os golpistas, e desejou-lhes "felicidades, muita saúde, paz, progresso e desenvolvimento", votos que estendeu ao povo guineense, que considerou  "maravilhoso e acolhedor".

O comandante disse que a MISSANG tinha um orçamento na ordem dos 13 milhões de dólares, dos quais foram gastos cerca de nove ou dez milhões e reafirmou que o efectivo era composto por 249 militares e não por 700 ou 900, como muitos afirmaram.

Antes de se despedir, Gildo dos Santos passou o testemunho ao tenente-general burquinabe Gnibanga Barro, que comanda as tropas da CEDEAO em Bissau.

O momento era de muita tristeza na hora do adeus aos efectivos da MISSANG. Houve quem, inclusivamente, derramasse algumas lágrimas. Afinal durante mais de um ano de permanência da MISSANG, houve grande convivência entre angolanos e guineenses e foram criadas muitas amizades.

Além da amizade, muitos guineenses perderam o emprego com a saída dos angolanos. Maria Tudiante era uma mulher inconsolável, pois além de perder amigos, ficou também sem o emprego como funcionária civil do Estado-Maior da MISSANG.

"Estamos todos tristes porque, com essa saída, ficamos desempregados", disse a guineense.

Outra guineense, que se identificou apenas com o nome de Bendiata, também não conseguia conter as lágrimas:

"Sabemos que a retirada das tropas angolanas foi uma decisão das autoridades guineenses, por isso devemos respeitá-la, mas acreditem que ela está a ser muito dura para nós".

"A partir de agora começa o nosso sofrimento", concluiu Ansumane Sanha, outro funcionário civil do então Estado-Maior da MISSANG. José Sambu também lamentou a saída dos angolanos e disse esperar que a Embaixada de Angola na Guiné-Bissau, que se vai transferir para as instalações do Estado-Maior da MISSANG, renove o contrato com os funcionários que ajudavam os efectivos angolanos.

Uma prova que angolanos e guineenses fortificaram os laços de amizade é o facto de um soldado da MISSANG ter contraído matrimónio com uma jovem guineense como esposa. A jovem também desembarcou ontem em Luanda e passa a residir em Angola com o marido.

Depois de cinco horas de voo, os últimos efectivos da MISSANG foram recebidos no Terminal Aéreo Militar pelo Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas, Geraldo Sachipengo Nunda, que anunciou, para a próxima sexta-feira, em Cabo Ledo, um acto formal e mais abrangente de recepção ao efectivo angolano.

. No último balanço, o Coordenador da Missão Militar Angolana na Guiné-bissau, o Tenente-coronel Gildo dos Santos disse que o efectivo angolano sai de cabeça erguida e com o sentimento de missão cumprida, apesar da interrupção dos trabalhos.


Cerca de 10 milhões de dólares foi o quanto o governo angolano investiu neste acordo de cooperação técnico militar que previa um investimento total na ordem dos 13 milhões de dólares.


Com a saída da Missang de Bissau advinha-se o aumento do narcotráfico neste país, embora haja uma forte presença dos militares da CEDAO. O Tenente-coronel Gildo dos Santos entende que a questão tem tido tratamento em outros fóruns fora da Missão angolana. 

O Coordenador da MISSANG antes de embarcar com destino à Luanda não deixou de pronunciar palavras de apreço aos guineenses. O Tenente-coronel acredita que mais tarde ou cedo os dois governos podem chegar a um consenso sobre o acordo.


Já em Luanda no Terminal militar, onde aterrou a aeronave que transportou os últimos 96 efectivos da MISSANG foram recebidos com pompas e circunstancias pelo chefe de Estado maior das FAA, General Geraldo Sachipengo Nunda que expressou o seu contentamento pelo sentimento de dever cumprido de uma missão de estado.