Apesar de se tratar de um encontro com os jovens, a verdade é que a sala Espelho da Água, na FILDA, esteve a abarrotar de pessoas de todas as idades sedentas de respostas.
Fizeram perguntas simples e directas, entre as quais para onde vão as riquezas do país, o que acontece aos dinheiros públicos, se os jovens só vão ser necessários em 2017, quando terminam as obras do Cazenga e onde andam as suas indústrias.
“Temos muitas escolas mas é preciso que se aposte na qualidade. A educação é vital e fortalece o país. Não basta falar tanto. Ensino e saúde são precisos. O importante, mesmo, é fazer”, disse o jovem Sérgio Narciso, do bairro Calauenda, ao qual se juntou Abreu António, que disse estar preocupado com o aumento do consumo de drogas psicotrópicas e com a delinquência. “Estou assustado com o número de jovens que consomem álcool no município”, salientou.
Domingos Donfina, do Hoji Ya Henda, disse não entender a razão de tanto desemprego. Na sua opinião, as políticas do Executivo deviam estar voltadas para a redução deste problema. José Pina, ao invés de críticas e perguntas ásperas, teceu louvores e disse que muita coisa foi feita. Daí o Cazenga ter um novo rosto, uma opinião partilhada pelo jovem Agostinho Neto, ao afirmar que “não só de tristezas e problemas vive o Cazenga. Existem coisas muito boas a serem feitas no município”.
José Pina levou consigo um discurso bem elaborado mas para o contexto não dizia muito. Os presentes apenas queriam ouvir perguntas directas e não propriamente discursos. “Disso, a gente ouve quase sempre”, disse alguém na plateia. José Pina encheu o discurso de palavras de ordem, como abaixo a prostituição, a delinquência e o abuso sexual. Nisso, a plateia dançou a sua música e gritou abaixo a isto e aquilo.
Vontade para construir
“Se quisermos falar da vida da população é preciso que se abordem aspectos básicos, como água, luz, acessos, saneamento básico e industrialização”, disse o jovem Alcino Bento, que referiu: “vivemos com sede de trabalho. Estamos aqui e precisamos de mais oportunidades.”
Januário Joaquim, do bairro do Curtume, apontou erros ao Balcão Único do Empreendedor. “Entregámos processos mas até hoje nada nos é dito. Queremos esclarecimentos. Queremos mais oportunidades”, disse. O soba da comuna de Tala Hadi, António Fernandes, impressionado com a iniciativa, disse que pode ajudar a encontrar soluções para os problemas que afectam os jovens do município do Cazenga. “É muito bom que o Executivo queira saber dos problemas da juventude. É uma boa oportunidade para jovens e governantes dialogarem, tendo em vista o desenvolvimento. É assim que tem de ser, pois é a conversar que as coisas se encaminham”, salientou.
A autoridade tradicional reclamou pela falta de transportes públicos. “Sofre-se muito com a falta de transportes. As estradas também não estão boas. Falta iluminação. Há água e luz mas a maioria não beneficia. A via que sai do Rangel ao Zamba 4 tem as obra paralisadas há quatro anos ”, acrescentou.
António Francisco criticou a seminudez nas ruas e chegou mesmo a sugerir a punição de tais comportamentos. Falou do abandono escolar e disse que em muitos casos é reflexo da pobreza, como foi o caso de muitos na sua área de residência.
Radical, propôs a eliminação do fabrico de bebidas alcoólicas, ao que outro jovem respondeu que se tal acontecesse isso ia significar o aumento do número de jovens desempregados. “Muitos jovens do município trabalham em muitas dessas fábricas”, realçou.