Milhares de refugiados da República Democrática do Congo que se encontravam no Centro de Assentamento do Lôvua, na Lunda Norte, iniciaram no final de semana o abandono da província de regresso ao seu país, num acto de retorno que tem surpreendido as autoridades angolanas e o ACNUR.
A Televisão Pública de Angola mostrou este Domingo várias pessoas, num grupo avaliado em mais de Oito mil dos cerca de 23 mil e 600 refugiados.
Da cidade do Dundo, os refugiados partiriam, igualmente a pé, em direcção à fronteira com a República Democrática do Congo, num percurso entre mais 80 a 90 quilómetros.
Segundo a mesma fonte, o Governo angolano está a “tentar negociar” com os refugiados que ainda se encontram no local de acolhimento, contabilizados em mais de 90 por cento do total.
É intenção governamental demover os refugiados do regresso ao seu país sem que sejam criadas as mínimas condições logísticas de apoio à operação.
De resto, de acordo com a fonte esta é a “recomendação” das partes envolvidas no processo, designadamente os governos de Angola e da RDC, e o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).
Essas condições passam pela criação de condições mínimas de transporte, água e alimentos, de acordo, ainda, com a mesma fonte.
A tensão em torno do assunto subiu de tom, uma vez que as autoridades da República Democrática do Congo continuam sem a concretização do seu compromisso público e oficial, em termos da recepção oficial dos mais de 20 mil refugiados congoleses estabelecidos em território angolano, mais precisamente no campo de Lóvua.
A migração dos cidadãos congoleses para Angola derivou da violência extrema e generalizada, causada por tensões políticas e étnicas na RDC, em 2017.