Angola e RDC: como evitar que o repatriamento forçado resvale em crise politica e de boa vizinhança ou em xenofobia?
Os angolanos estiveram nas últimas duas semanas com a respiração em suspenso. As rádios e televisões viram as suas audiências aumentaram. Os jornais eram mais consumidos. Um facto comum estava em causa: a inesperada e insólita expulsão de angolanos da RDC.
Se antes a expulsão dos ilegais era de Angola para o Congo, desta vez, num suposto truque de mestre, retaliatório, angolanos, mesmo legais, foram mandados de volta as suas origens. Os números oficiais apontam mais de 34 mil pessoas expulsas.
Eles reclamam por comida, pelos seus haveres, pela vida cortada á meio pela incúria de alguns homens.
Convenhamos que valeu a negociação entre os dois países que oficialmente encerrou as expulsões, mas não travou o fluxo migratório segundo organizações internacionais.
Mas, de facto a factores sociológicos a terem em conta, nas relações entre Angola e o Congo democrático. Há famílias cruzadas e interesses repartidos. Há também laços ancestrais que marcam a vida, por séculos, entre os dois países.
Mas enquanto os políticos procuram foram de melhor a situação, cá fora há o cidadão comum que busca encontrar o norte, depois de despojado dos haveres e acumulados por décadas de suor, lágrimas e quiçá, sangue.
Por outro lado, pelo melindre da questão foi interessante observar a velocidade com que varias entidades se multiplicaram em poucos dias em apelos a não violência em Luanda e a retaliação que na periferia estava na forja e segundo se conta aconteceu, felizmente, de pouca monta.
Primeiro foi o General Furtado, depois a Igreja, os homens da diplomacia, os executivos das províncias do Uíge, Zaire e Cabinda e muitas organizações.
Para alem da questão humanitária, o apelo á contenção foi outro ponto a ter em conta.
Com políticos e diplomatas queremos falar sobre a questão que marcou as ultimas semanas informativas em Angola.