Reportagem de José de Belém.
Vinte mil dólares norte americanos é quanto vai custar um kit de construção de pré-fabricados, mais o terreno, destinados aos populares de Ondjiva que foram desalojados pelas cheias. -
A maior parte desses moradores está concentrada na feira do Naipalala e na zona do Kafitu nas tendas, em condições precárias.
De acordo com o governador da província do Kunene António Didalelwa, o processo de reembolso dos valores acima citados, deverá ser feito num prazo de até trinta anos ou seja, cada pessoa contemplada deverá pagar mais de cem dólares por dia.
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Durante a visita que o ministro da administração do território efectuou a cidade de Ondjiva, realizou uma visita de cerca de dez minutos ao centro de acolhimento da Naipalala, localizado na feira agro-pecuária. O lugar começou já a receber novos sinistrados, muitos deles vindos do bairro da Cachila, o primeiro bairro de Ondjiva que foi invadido pelos altos níveis das águas. -
A história que vem a seguir é de uma jovem que já tem a mãe a viver nas tendas há mais de dois anos. Desta vez as águas também invadiram a sua e não teve outra alternativa. Vai juntar-se a mãe nas tendas.
Segundo pessoas em Ondjiva, na feira falta de tudo. Mas esta mulher colocou ao ministro Bornito de Sousa, uma preocupação que tem a ver com a falta de escola no centro. O curioso é que quando o ministro procurou saber das autoridades locais as razões da falta de um centro de ensino no centro, aconteceu o bate boca que segue.
A saída do centro, as pessoas gesticulavam como que manifestando desagrado em relação ao prolongamento do seu sofrimento nas tendas. Os cidadãos de Ondjiva dizem que apesar das promessas, nunca viram a distribuição de parcelas de terra nem de casas, destinadas a cidadãos comuns.
Informações colhidas na capital da província, dão conta que a promessa inicial das autoridades da província, era que o tempo de permanência nas tendas seria pouco. O bairro dos Castilhos, foi dos primeiros a evacuar nas primeiras cheias. De lá para cá já passaram mais de dois anos.
Do lado do governo, António Didalelwa disse a Rádio Ecclesia que desta vez será para valer e que dentro de um ano o projecto de entrega de kits será uma realidade. O terreno escolhido fica na Onahumba e mereceu a visita de Bornito de Sousa.
Enquanto isso o nível das águas continua a subir procurando contornar os diques construídos em Ondjiva. As barreiras já evitaram o pior para a capital da província, mas nesses últimos dias nota-se um reforço do trabalho levado a cabo pelos técnicos chineses. O governador diz a situação não tem nada a ver com a falta de qualidade das obras anteriores.
Quanto aos números, até agora contam-se mais de dez mil pessoas atingidas pela calamidade em toda a província. O responsável local dos bombeiros que também está a frente da comissão provincial de protecção civil, disse que alguns meios colocados a disposição já começaram a escassear. Os helicópteros que ajudam a sobrevoar as áreas afectadas fora de Ondjiva já começaram a apresentar alguns problemas.
Há mais de dois anos na primeira grande cobertura da Ecclesia, o povo do Kunene vivia exactamente a mesma situação. Em dois mil e dez o número de prejudicados já vai alto, sem contar que os próximos trinta dias serão de muita chuva conforme dados da protecção civil que prevê igualmente um ciclo de mais cinco anos chuvosos no Kunene, dos oito previstos. -
Apesar disso, os cânticos dos povos Kuanhama que já são belos, continuam a ser entoados mais alto e de forma muito alegre. -