Uma coligação de 28 grupos de defesa dos direitos humanos condenou hoje a UNESCO por ter projectado atribuir um prémio patrocinado pelo Presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Nguema.
Aqueles grupos disseram que a agência das Nações Unidas para a educação, ciência e cultura deveria dissociar-se de "um dos mais infames ditadores mundiais", como o é este homem de 67 anos que há três décadas se encontra no poder.
Obiang, que a revista norte-americana "Forbes" já apresentou como o oitavo governante mais rico do mundo, e que depositou centenas de milhões de dólares no Riggs Bank, dos Estados Unidos, tem sido acusado de manipular as eleições e de ser altamente corrupto.
O primeiro Prémio de Ciência UNESCO-Obiang, no valor de três milhões de dólares, deverá ser atribuído em Junho, numa altura em que o ditador Obiang se prepara para fazer do seu estado um membro de pleno direito da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) na qual tem desde há mais de seis anos o estatuto de observador.
Obiang, que chegou ao poder em 1979, derrubando o tio, Francisco Macias, foi reeleito no ano passado com 95 por cento dos votos oficialmente expressos, mantendo-se no poder graças a um forte aparelho repressivo, do qual fazem parte os seus guarda-costas marroquinos.
Os vastos proventos que a Guiné Equatorial recebe da exploração do petróleo e do gás natural poderiam dar uma vida melhor aos 600.000 habitantes dessa antiga colónia espanhola, mas a verdade é que a maior parte deles vive abaixo da linha de pobreza.