A imprensa local da África do Sul, que alberga a 29.ª edição do CAN, citou um elemento da organização do campeonato que confirmou que as equipas de Gana, República Democrática do Congo, Mali e Níger apresentaram queixa contra a presença de mulheres, por acreditarem que elas trazem “azar” e têm poderes de “bruxaria”.
De acordo com o portal Allafrica, que cita o diário sul-africano Daily Sun, as equipas de Gana, República Democrática do Congo, Mali e Níger pediram aos funcionários que trabalham no estádio Nelson Mandela, em Joanesburgo, que não deixem que as mulheres entrem no piso onde se situam os balneários dos jogadores.
A rádio Voice of America noticiou o assunto, tentando, ela própria, confirmar a informação junto das delegações dos quatro países, mas sem sucesso. O mesmo aconteceu quando tentou obter esclarecimentos junto da organização do campeonato. A agência Lusa enviou um email à organização da CAN, mas ainda não recebeu resposta.
Porém, o assunto já chegou aos ouvidos das autoridades sul-africanas, que não se coibiram de o comentar.
A comissária para a igualdade de género sul-africana, Javu Baloyi, condenou o pedido de proibição de entrada de mulheres nos estádios. “As mulheres vão a jogos de futebol para apoiar as suas equipas e não para distrair os jogadores. Ganhar ou perder nada tem a ver com as mulheres”, assinalou.
“Compreendemos que diferentes culturas e diferentes países do continente tenham diferentes crenças, mas aqui, na África do Sul, é preciso respeitar a lei sul-africana e é um absurdo dizer que as mulheres dão azar”, afirmou Troy Martens, porta-voz da Liga de Mulheres do Congresso Nacional Africano (ANC, partido no poder).
Na África do Sul, acrescentou, “as mulheres são fervorosas apoiantes de futebol, vão assistir a muitos jogos e nunca houve um caso em que uma mulher desse azar”.