Cabo Verde vai parar este sábado, a partir das 16 horas de Luanda (15 horas em Portugal continental), para assistir ao até agora maior feito no historial futebolístico do País: a presença nos quartos de final do Campeonato Africano das Nações, com os Tubarões Azuis a medirem forças com os Estrelas Negras do Gana, em Port Elizabeth.
«A minha equipa está a crescer mais e mais. Estamos cá para ganhar ao Gana e vencer o CAN», avisa o seleccionador de Cabo Verde, Lúcio Antunes, que carrega nos ombros o sonho e a ambição não apenas de uma nação, mas de todo o Mundo lusófono, depois de, com a eliminação de Angola na fase de grupos, serem os Tubarões Azuis agora os únicos representantes da comunidade que perfilha o idioma de Camões ainda em prova.
Estreante na competição, a qualificação para os quartos colocou o país na rua, a festejar, e surpreendeu o mundo do futebol. Ou quase todo: depois de arredarem, na última eliminatória de acesso ao CAN, os Camarões (2-0 e 2-1) da fase final da prova, e de serem considerados a selecção africana do ano de 2012, muitos já estariam avisados para o que Cabo Verde poderia vir a conseguir.
Prémio a dobrar
A chegada aos quartos de final já é histórica e tudo o que vier a mais é lucro. Por isso, o sonho e a confiança de Lúcio Antunes em vencer o CAN tem correspondência no patrocinador oficial da equipa nacional de Cabo Verde, a operadora de comunicações móveis CV Móvel, que ontem anunciou dobrar o prémio inicialmente estabelecido: era um milhão de escudos cabo-verdianos, mas serão dois milhões caso consigam erguer o troféu de campeão africano no próximo dia 10.
Outro factor suplementar de motivação, de última hora, será a presença do Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, nas bancadas do recinto de Port Elizabeth, a apoiar a equipa que está a empolgar o arquipélago e que é já uma das sensações da prova.
Uma prova do inusitado empenho e acompanhamento que campanha assinalável da equipa orientada por Lúcio Antunes tem merecido em todo o País. Como disse ontem o defesa central Nando, no lançamento do jogo, o grupo «conta com o apoio de 600 mil cabo-verdianos». E o Mundo prende a respiração perante a possibilidade de, como tantas vezes sucede e apaixona os adeptos do futebol, David poder trocar as voltas a Golias.
Adversário desconfiado
Kwesi Appiah, seleccionador do Gana, quatro vezes vencedor do CAN - mas a última vitória foi há 31 anos... -, desconfia de Cabo Verde. E justificou porque dissera, antes, que preferia defrontar os Elefantes (Costa do Marfim), em vez de Cabo Verde: tirou as medidas aos costa-marfinenses a régua, esquadro e compasso, mas as contas saíram-lhe furadas. Quanto a Cabo Verde, assumiu maior desconhecimento do rival.
«Conheço cada jogador da Costa do Marfim. Já Cabo Verde, é daquelas seleções que não tem qualquer pressão num jogo dos quartos, pois é a primeira vez que está na fase final do CAN. Entram nos jogos descontraídos e são menos previsíveis», disse o seleccionador do Gana, que, a 15 de novembro, venceu (1-0) Cabo Verde num amigável jogado em Portugal, golo de Wakaso Mubarak.