A qualificação, pela primeira vez, da selecção cabo-verdiana para o Campeonato Africano das Nações (CAN), que decorre na África do Sul, foi festejada por todos países lusófonos. É difícil ter dois falantes de língua portuguesa, ao mesmo tempo, nesta competição.
Excepção às edições de 1996 (África do Sul), 1998 (Burkina Faso) e 2010 (Angola) em que as selecções angolana e moçambicana competiram juntas.
Na África do Sul, só uma pode passar aos quartos-de-final ou mesmo nenhuma. O "destino" colocou-as frente-a-frente e também na última jornada do grupo, num encontro que poderá decidir a continuação dos lusófonos.
Infelizmente, as selecções de Angola e Cabo Verde não conseguiram atingir o objectivo que traziam: chegarem a esta terceira jornada com o apuramento garantido e podendo desfrutar de jogo com outra tranquilidade, com outra capacidade de arriscar, sem pressão alguma, celebrando-se a lusofonia.
Neste momento, pode dizer-se que é um jogo de irmãos, mas um jogo ingrato já que é matematicamente possível passarem os dois. Angola e Cabo Verde, países irmãos, um deles vai ficar pelo caminho. E, com um pouco de azar, podem até ter de regressar ambos a casa, o que conferiria um final dramático para a lusofonia.
Luís Manuel, cidadão moçambicano, taxista de profissão, pela simpatia que tem pelos angolanos disse que vai puxar pelos Palancas Negras, até porque o conjunto nacional "é mais forte que o seu oponente".
Sara Vilola, estudante moçambicana, também estará a torcer por vitória angolana no jogo de domingo em Port Elizabeth. "Tenho mais amigos angolanos do que cabo-verdianos, por isso vou apoiar Angola e espero que continue em prova".
Abdul Oliveira, cidadão da Guiné-Bissau de férias na África do Sul, considera que Cabo Verde está a apresentar futebol mais atractivo que dos Palancas Negras e tem maiores probabilidades de seguir para a segunda fase.
Apontou os resultados diante da África do Sul como prova. "Contra África do Sul, Cabo Verde conseguiu empatar e Angola foi derrotada. Quer dizer que devemos apostar mais nos cabo-verdianos para o bem da lusofonia", salientou.
Há quem vai mais longe. Rui Texeira, moçambicano residente em Joanesburgo há mais de 40 anos, é da opinião que os dos países devem combinar o resultado para garantir a presença de uma das selecções nos quartos de final.
"Não sou a favor de nenhuma das selecções. Vou apoiar ambas e desejar boa sorte para quem conseguir se apurar. Mas para termos a confirmação de um pais de língua portuguesa na competição devíamos nos unir e não correr o risco de ficarem os dois de fora", frisou.
Para Cabo Verde, uma vitória garante a passagem para os quartos-de-final, independentemente do resultado do jogo entre África do Sul e Marrocos para o mesmo grupo. Ao contrário, uma vitória dos angolanos pode afastar ambas ou garantir a permanência dos Palancas na prova.
Segundo Angop, Moçambique, Guiné-Bissau, São Tomé e Principe estão unidos em torno dos representantes lusófonos na maior festa do futebol africano, mas domingo quando se defrontarem Angola e Cabo Verde estarão divididos.