Os advogados do primeiro-ministro deposto da Guiné-Bissau apresentaram hoje em Bissau uma queixa-crime contra o chefe de Estado Maior das Forças Armadas, António Indjai, "e demais envolvidos no golpe de Estado de 12 de abril", disse à Lusa fonte judicial.
De acordo com a fonte, a queixa dos representantes de Carlos Gomes Júnior foi entregue hoje na Promotoria de Justiça do Tribunal Militar Superior.
Ainda segundo a mesma fonte, a equipa de advogados de Carlos Gomes Júnior e da mulher (Floriberto de Carvalho, Ruth Monteiro, José Paulo Semedo e Itla Semedo) acusam os militares, nomeadamente, de extorsão, agressão e invasão de propriedade alheia.
A 12 de abril passado um autodenominado "Comando Militar" fez um golpe de Estado na Guiné-Bissau e prendeu o primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, e o Presidente interino, Raimundo Pereira.
A casa de Carlos Gomes Júnior foi saqueada, de acordo com a queixa-crime hoje apresentada. Uma parte da casa, nas traseiras, também foi destruída.
O golpe aconteceu na véspera do início da segunda volta para as eleições presidenciais antecipadas (na sequência da morte por doença do Presidente eleito, Malam Bacai Sanhá), nas quais deviam participar os dois candidatos mais votados na primeira volta, Carlos Gomes Júnior e Kumba Ialá.
Carlos Gomes Júnior é o presidente do PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde), o partido mais votado nas eleições legislativas de 2008, e Kumba Ialá, o líder do maior partido da oposição, o PRS (Partido da Renovação Social).
Duas semanas depois de serem detidos, Carlos Gomes Júnior e Raimundo Pereira foram libertados e partiram para a Costa do Marfim e daí para Portugal, onde estão desde então.
Desde maio que a Guiné-Bissau está a ser gerida por um governo de transição e por um Presidente da República de transição
Em abril do próximo ano deverão realizar-se eleições gerais, presidenciais e legislativas.
Lusa