Radovan Karadzic, o antigo líder dos sérvios da Bósnia, iniciou esta terça-feira a sua defesa no Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia, em Haia, contra as acusações de genocídio e outros crimes de guerra que reportam aos anos 90, à data da separação da Jugoslávia.
«Não devo ser acusado, devo sim ser recompensado por todas as coisas boas que fiz», começou por declarar Karadzic ao juiz, descrevendo-se como «um homem tolerante» que quis espalhar a paz pela Bósnia.
O ex-líder sérvio começou a sua intervenção afirmando que durante a guerra da Bósnia (1992-1995) fez «tudo o que estava ao seu alcance para evitar a guerra e para diminuir o sofrimento humano». Falando num tom calmo, descreveu-se como «um homem tolerante» que tem a «capacidade de entender os outros», e acrescentou que, por diversas vezes, tentou travar o exército e procurar soluções pacíficas através da lei internacional.
À semelhança do que aconteceu com o seu antigo comandante militar, Ratko Mladic, que foi capturado o ano passado, Karadzic está a ser julgado por crimes de guerra, e em particular pelo massacre de Srebrenica, onde morreram cerca de oito mil muçulmanos, entre homens e crianças. O massacre tornou-se um dos símbolos mais sangrentos da dissolução da Jugoslávia em seis países distintos.
Durante o conflito, as forças sérvias na Bósnia, apoiadas pelo governo jugoslavo então presidido por Milosevic, controlaram mais de metade do país e lançaram uma violenta campanha para eliminar as comunidades muçulmanas e croatas.
Depois de andar escondido durante mais de 13 anos, Karadzic foi capturado em Belgrado em 2008, e aguarda agora o resultado do julgamento. Se for considerado culpado, ficará sujeito à pena de prisão perpétua, tal como Mladic.