O presidente dos EUA, Barack Obama, vai se tornar neste mês o primeiro líder norte-americano a visitar Mianmar, no mais forte apoio internacional à frágil transição democrática na nação do Sudeste Asiático após meio século de regime militar.
Obama vai viajar para Mianmar durante uma visita de 17 a 20 de novembro pelo sudeste da Ásia que também incluirá Tailândia e Camboja, informou a Casa Branca na quinta-feira, confirmando a primeira viagem internacional do presidente desde que ganhou um segundo mandato na eleição de terça-feira.
Obama está seguindo adiante com a viagem apesar da violência sectária recente no oeste de Mianmar, que tem atraído a preocupação dos Estados Unidos e da União Europeia.
Investigadores de direitos humanos da ONU criticaram a forma como o governo quase civil tem lidado com o conflito entre budistas e a minoria muçulmana, e alguns exilados de Mianmar veem a viagem de Obama como prematura antes de reformas políticas estarem consolidadas.
A visita a Mianmar, a primeira de um presidente norte-americano em exercício, dará a Obama a chance de encontrar-se com o presidente Thein Sein e com a líder da oposição Aung San Suu Kyi para incentivar a "transição democrática em curso", afirmou o porta-voz da Casa Branca Jay Carney.
Suu Kyi passou anos em detenção sob o regime militar como a líder do movimento pela democracia. Ela foi eleita para o parlamento em abril, quando a sua Liga Nacional para a Democracia (LND) concorreu nas eleições após boicotar uma votação de 2010.
Obama estará em Mianmar em 19 de novembro, de acordo com uma fonte do governo em Yangun, onde as pessoas expressaram alegria.
"Acredito que é um sinal claro de laços melhores entre os dois países, e estou muito feliz que o nosso partido LND desempenhou um papel importante trabalhando para o surgimento dessa situação", disse o membro do comitê executivo da LND Han Tha Myint.
A presença de Obama em Mianmar, também conhecida como Birmânia, vai destacar o que seu governo vê como uma conquista de política externa do primeiro mandato e um desdobramento que pode ajudar a conter a influência da China em uma região estrategicamente importante.
Washington leva algum crédito pela abordagem "morde e assopra" que pressionou os generais de Mianmar para a mudança democrática e levou Thein Sein a tomar posse como presidente reformista em 2011.
Mas Obama também corre o risco de ser criticado por premiar o novo governo cedo demais, especialmente depois de as forças de segurança não conseguirem evitar a violência étnica sangrenta no oeste do país.
Pelo menos 89 pessoas foram mortas nos confrontos recentes entre os budistas Rakhines e a minoria muçulmana Rohingyas. Outros milhares foram deslocados pela violência.
Os Estados Unidos aliviaram as sanções sobre Mianmar este ano, em reconhecimento à mudança política e econômica em curso, e muitas empresas dos EUA estão avaliando iniciar operações no país localizado entre a China e a Índia, com recursos abundantes e de baixo custo de mão de obra.
Em novembro de 2011, Hillary Clinton se tornou a primeira secretária de Estado norte-americana a visitar Mianmar em mais de 50 anos.
Obama procurou consolidar os laços e reforçar a influência dos EUA na Ásia, no que foi apelidado de um "giro" de política para a região, conforme as guerras no Iraque e no Afeganistão arrefeceram.