O principal responsável por compras de armas no Pentágono buscou na quarta-feira tranquilizar executivos e investidores da indústria bélica, dizendo que ainda há "muito dinheiro" a ser ganho com essa atividade nos Estados Unidos, apesar das crescentes pressões orçamentárias que devem limitar os gastos públicos e novos programas armamentistas.
Frank Kendall, subsecretário de Defesa para aquisições, tecnologia e logística, disse que a perspectiva orçamentária claramente mudou após uma década de contínuos aumentos nos gastos militares dos EUA.
Mas ele afirmou que o orçamento anual do Pentágono continua bastante grande, e que mesmo o pior cenário, com a possibilidade de um corte adicional de 50 bilhões de dólares no ano fiscal de 2013, ou 10 por cento da verba total de defesa, "não seria o fim do mundo".
"Vamos dar um jeito de passar por isso", disse Kendall a uma conferência de investidores promovida pelo Credit Suisse. "Ainda há muito dinheiro a ser ganho."
Ele disse que a nova estratégia militar dos EUA, com foco na região da Ásia/Pacífico e mais investimentos em segurança cibernética e em atividades espaciais, deve resultar em novas oportunidades de crescimento para as empresas bélicas.
O funcionário acrescentou que o Pentágono também está ciente da necessidade de manter a excelência na criação aeroespacial. "Estamos juntos nisso. A saúde da base industrial é importantíssima", afirmou ele.
Ele insistiu que o Pentágono não tem interesse em reduzir a margem de lucro das indústrias, pois vê os fabricantes de armas como parte da sua "estrutura de força", e busca mais contratos do tipo "ganha-ganha", que sejam capazes de poupar dinheiro para o governo e recompensar o bom desempenho do setor privado.
Empresas como Lockheed Martin, Boeing, Northrop Grumman, General Dynamics e Raytheon acompanham atentamente o comportamento do Pentágono diante dos novos contratos, num momento em que o setor se prepara para a redução nas verbas de defesa após uma década de crescimento.
O presidente Barack Obama e o Congresso concordaram no ano passado em cortar 487 bilhões de dólares em gastos com segurança nacional na próxima década. O Pentágono pode sofrer um corte de outros 500 bilhões de dólares a partir de janeiro caso o Congresso não defina uma alternativa.
Kendall disse estar confiante em um acordo parlamentar, mas acrescentou que, mesmo que os cortes entrem em vigor, eles não irão resultar em um grande volume de demissões instantâneas. "É uma coisa devastadora de fazer para o departamento, mas não é algo que aconteça da noite para o dia", afirmou.