Partidários e adversários do presidente egípcio Mohamed Mursi se preparavam para protestar nesta terça-feira, vigiados pelo exército, que recebeu na segunda-feira do presidente poderes policiais até o referendo constitucional previsto para sábado.
Duas coligações rivais convocaram protestos, uma islamita, que apoia o referendo, e outra liberal e de esquerda, que exige a anulação desta consulta eleitoral, em meio à pior crise política no Egipto desde a eleição de Mursi.
A coligação de partidos e movimentos islâmicos que inclui a influente Irmandade Muçulmana estava prevista para se reunir a menos de dois quilômetros do palácio presidencial por volta do meio-dia local. Já a principal força salafista, o partido Al Nur, pediu para que não ocorram protestos para evitar um aumento de tensões.
A oposição, incluindo a Frente de Salvação Nacional (FSN), presidida por Mohamed ElBaradei, ex-diretor-geral da Agência Internacional de Energia atômica (AIEA), deve sair a partir das 16h00 horas locais da praça Tahrir, no centro do Cairo, e se dirigir à região do palácio presidencial, nos subúrbios da capital.
"Terça-feira decisiva", afirmava o jornal governamental Al Joumhouria.
Mursi concedeu na segunda-feira poderes policiais ao exército, incluindo o direito de prender civis, até o anúncio no sábado do resultado do referendo constitucional sobre um polêmico projeto de Constituição que divide o país.
Com este decreto, o exército tem a autoridade para prender civis, uma prerrogativa muito criticada durante o período em que os militares dirigiram o país após a queda de Hosni Mubarak, em fevereiro de 2011, até a eleição de Mursi, em junho de 2012.
Um decreto presidencial de 22 de novembro ampliando os poderes do presidente provocou uma onda de protestos e manifestações no país, antes de ser anulado. Na quarta-feira, dia 5 de dezembro, confrontos entre partidários e adversários de Mursi deixaram sete mortos na capital.