A Coreia do Norte elogiou o lançamento de um foguete de longo alcance nesta quarta-feira, por considerar o teste um "progresso" que constitui uma homenagem ao líder Kim Jong-Il, falecido há quase um ano, mas o teste foi condenado em peso pela comunidade internacional.
"O disparo com êxito é um progresso no desenvolvimento das tecnologias científicas e da economia de nosso país e exerce nosso direito à utilização pacífica do espaço", afirma uma nota da agência oficial norte-coreana KCNA.
"Nossos técnicos e nossos cientistas colocaram em órbita o satélite com sucesso, ao ter em elevada estima os ensinamentos do grande dirigente Kim Jong-Il."
Segundo a agência, o foguete decolou do centro espacial de Sohae (noroeste) às 9H49, dois minutos antes do horário anunciado pelo exército sul-coreano, e o satélite foi colocado em órbita nove minutos depois.
"O satélite está agora em órbita, evoluindo entre 499,7 e 584,18 km sobre a Terra", destacou o KCNA.
O lançamento marca o 100º aniversário do nascimento de Kim Il-Sung, fundador e "presidente eterno" da Coreia do Norte, avô do actual dirigente e pai do anterior.
O governo dos Estados Unidos considerou o lançamento "muito provocativo" e alertou que a ação desestabilizará a região, além de prejudicar os esforços de não proliferação em todo o mundo.
"O lançamento de hoje é um ato muito provocativo que ameaça a segurança da região, viola diretamente as resoluções 1718 e 1874 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, infringe as obrigações internacionais da Coreia do Norte e mina os esforços globais de não proliferação", afirma em um comunicado o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Tommy Vietor.
"Dada a actual ameaça à segurança da região, Washington reforçará e aumentará sua coordenação com os aliados", completou Vietor.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, também condenou o teste norte-coreano como um "ato provocativo" que viola as resoluções do Conselho de Segurança e ameaça "a estabilidade da região".
"O secretário-geral está preocupado com as consequências negativas que este provocativo acto possa ter na paz e estabilidade da região", afirmou o porta-voz de Ban, Martin Nesirky.
Ban, ex-ministro das Relações Exteriores da Coreia do Sul, disse que o ato de Pyongyang "é totalmente lamentável porque desafia o unificado e forte apelo da comunidade internacional", completou o porta-voz.
A Rússia também lamentou o lançamento.
"A Rússia lamenta profundamente o novo lançamento de um foguete realizado pela Coreia do Norte, desafiando a opinião internacional, incluindo os apelos de Moscovo", afirma uma nota oficial do ministério das Relações Exteriores.
"Este lançamento não ajudará a fortalecer a estabilidade e terá um efeito negativo sobre a situação na região", completa a nota, que chama o teste de "inaceitável" por violar a resolução 1874 do Conselho de Segurança da ONU que proíbe Pyongyang de utilizar tecnologia de mísseis balísticos nos disparos de foguetes.
A China também criticou a atitude da Coreia do Norte.
"Nós lamentamos o lançamento realizado pela Coreia do Norte, apesar das graves inquietações da comunidade internacional", declarou o porta-voz da chancelaria chinesa, Hong Lei.
"A China afirma que o enfoque fundamental para garantir a paz e a estabilidade na Península Coreana deve ser encontrado por meio do diálogo. Esperamos que as partes envolvidas mantenham a calma", disse.
"A Coreia do Norte tem o direito de utilizar o espaço com fins pacíficos, mas também está submetida a restrições em virtude das resoluções do Conselho de Segurança da ONU", afirmou Hong Lei.