As contas da campanha eleitoral para a reeleição de Nicolas Sarkozy em 2012 foram rejeitadas pelo organismo que fiscaliza as contas dos partidos, que integrou na contabilidade despesas de deslocações feitas pelo Presidente com motivação eleitoralista ainda antes de declarar que se recandidatava.
O tesoureiro da campanha do ex-Presidente francês já anunciou que vai recorrer da decisão, mas a UMP, o partido de Nicolas Sarkozy, arrisca-se a perder o reembolso pelo Estado de despesas no valor de 11 milhões de euros. Isto representaria um rude golpe nas finanças do grande partido de centro-direita francês, já em situação complicada, por causa da derrota nas presidenciais e nas legislativas, e também por se ter recusado a cumprir a lei da paridade entre homens e mulheres na elaboração das listas, o que acarreta penalizações monetárias.
É a primeira vez que um candidato presidencial de primeira linha vê as suas contas de campanha rejeitadas pela Comissão Nacional das Contas de Campanha e dos Financiamentos Políticos.
A contabilidade declarada pelo tesoureiro de Sarkozy, o deputado Philippe Briand fica abaixo do limite de 22.509.000 euros estipulado por lei para um candidato que passa à segunda volta (21.339.664 euros). Só que, após várias queixas apresentadas pelo Partido Socialista, explica a revista L’Express, que avançou a notícia, o organismo fiscalizador integrou também na contabilidade da campanha de Sarkozy despesas anteriores a 15 de Fevereiro de 2012 – o dia em que o então Presidente da República oficializou a sua recandidatura ao Eliseu.
Nessa altura, o seu desejo de continuar a ser o Presidente de França era um segredo de Polichinelo. E, na prática, parecia já ter entrado na campanha, tendo já feito várias deslocações em tudo semelhantes a acções eleitorais – essa foi precisamente a argumentação do PS francês, que foi aceite pela comissão das contas de campanha.
O tesoureiro da campanha de Sarkozy tem agora um mês para apresentar recurso, perante um outro órgão, o Conselho Constitucional – no qual está representado o próprio Nicolas Sarkozy, que deve abster-se de participar nas deliberações, explica o Le Monde. Se a decisão da comissão das contas de campanha não for anulada, a UMP pode ser privada do reembolso de metade das suas despesas pelo Estado (no valor de 11 milhões de euros), ou então ver esse montante reduzido.