Os rebeldes da Séléka mantêm-se intransigentes: o futuro da República Centro Africana passa pela demissão do presidente Bozizé. Uma posição reiterada este fim-de-semana, quando a reunião tripartida – rebeldes, governo e oposição – agendada para terça-feira, na capital do Gabão, como se depreende das palavras de Eric Masi, porta-voz dos rebeldes, sediado em Paris: “Não vejo o que é que vamos negociar em Libreville. A menos que seja para mostrarmos aos chefes de Estado da Comunidade Económica dos Estados da África Central o programa de transição que queremos implementar após a retirada do presidente François Bozizé.”
O presidente recusa abandonar o cargo, que tenciona ocupar até ao final do mandato, em 2016. Em contrapartida, ofereceu-se para formar um governo de unidade nacional.
No sábado, o governo apontara o dedo à “vontade bélica” dos rebeldes, que controlam 10 cidades e estão cada vez mais próximos de Bangui.
Para os habitantes e comerciantes da capital, a situação é cada vez mais difícil. “Os rebeldes cortaram as estradas. O preço da carne fumada disparou. Os fornecedores estão preocupados porque não há transportes para Bangui. A única estrada aberta é a de Bossangoa”, lamenta-se uma vendedora.
A rebelião, que pegou em armas em dezembro, exige a demissão do presidente mas também o respeito por vários acordos de paz assinados entre o governo e grupos rebeldes.
A ONG Médecins sans Frontières alerta, entretanto, para a iminência de uma crise humanitária, com dezenas de milhares de pessoas já atingidas pela crise política.