O antigo senador republicano do Nebrasca Chuck Hagel é a escolha do Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, para dirigir o departamento da Defesa no seu segundo mandato.
A Casa Branca confirma que o político conservador de 66 anos, um veterano de guerra e um moderado do Partido Republicano, será indicado por Obama para o cargo até agora ocupado por Leon Panetta.
Um porta-voz da administração anunciou ainda que o conselheiro nacional de contra-terrorismo, John Brennan, será nomeado director da CIA, a agência de espionagem norte-americana. O lugar era ocupado pelo general David Petraeus, que se demitiu em Novembro depois de ter sido investigado pelo FBI no âmbito de um caso extraconjugal.
É a segunda vez que o Presidente escolhe um republicano para chefe do Pentágono: quando tomou posse em Janeiro de 2009, Obama manteve como secretário da Defesa Robert Gates, que transitou da administração Bush.
Hagel recebeu duas medalhas Purple Heart por actos de coragem durante a guerra do Vietname, cumpriu dois mandatos no Senado e dedicou-se ao ensino e investigação de temas militares quando se retirou da política – mas, apesar do currículo, a sua nomeação perspectiva mais um braço-de-ferro entre a Casa Branca e o Congresso.
A bancada republicana do Senado, que Hagel outrora integrou, já manifestou a sua oposição à escolha do homem do Nebrasca, que acusam de hostilidade com Israel. Mitch McConnel, o líder da minoria, disse que os conservadores estavam preocupados que o seu ex-correligionário não partilhasse do seu entendimento em “matérias essenciais como a aliança militar com Israel, a ameaça do Irão ou a necessidade de manter a mais robusta máquina militar do mundo”.
O senador republicano do Texas, John Cornyn, foi mais longe e considerou a nomeação de Chuck Hagel a “pior mensagem [política] que os Estados Unidos poderiam enviar aos seus amigos de Israel e restantes aliados do Médio Oriente”.
E apesar de deter a maioria da câmara alta, o órgão responsável pelas confirmações das nomeações do Presidente, a bancada democrata não garante os votos necessários para que o nome de Chuck Hagel seja aprovado. As críticas dos liberais são diferentes, e têm a ver com declarações antigas de Hagel, que em 1988 se referiu a um diplomata indicado para embaixador como “abertamente e agressivamente gay”. Mais tarde, o ex-senador desculpou-se pelas suas palavras.
Brennan, o antiterrorista
John Brennan conhece bem o funcionamento da CIA, onde trabalhou durante 25 anos. O conselheiro nacional de segurança já tinha sido uma hipótese para chefe da agência em 2009, mas na altura solicitou a Obama que o seu nome fosse retirado da lista de possíveis nomeados por causa da sua ligação à polémica política de interrogatórios de alegados terroristas da administração Bush, que envolvia técnicas classificadas como tortura.
Brennan tinha sido vice-director executivo da CIA, e embora fosse crítico de muitas das políticas de Bush, nomeadamente da invasão do Iraque e das controversas “técnicas de interrogação avançadas”, avisou o Presidente de que a sua indicação poderia provocar um motim na fileira liberal do Senado.
“O Presidente tem toda a confiança em John Brennan, que esteve envolvido em todas as grandes crises de segurança nacional dos últimos quatro anos”, disse uma fonte da Casa Branca à AFP, acrescentando que a sua nomeação “assegura uma transição pacífica na CIA”.
No primeiro mandato de Obama, o conselheiro para o contraterrorismo teve um papel fundamental nos esforços da administração para eliminar células terroristas no Médio Oriente e Norte de África. Também foi um dos membros da equipa que planearam o raide militar que culminou com a morte de Osama Bin Laden no Paquistão.
E apesar de já não estarem em causa as sessões de tortura de prisioneiros de guerra – essa prática foi proibida por Obama logo no seu primeiro dia na Casa Branca – as audiências para a confirmação de Brennan não deixarão de abordar outras opções polémicas defendidas pelo conselheiro: os ataques com drones e as operações de assassínio selectivo, cuja legalidade tem sido posta em causa por várias organizações não-governamentais.