A magistrada indiana que acompanha o caso de estupro coletivo de uma estudante em Nova Délhi ordenou que a primeira apresentação em juízo nesta segunda-feira dos cinco adultos acusados pelo crime seja realizada nesta segunda-feira a portas fechadas, em um clima de agitação e revolta pelo caso que chocou o país.
A chegada dos acusados ao tribunal foi marcada por protestos de populares.
"As pessoas sem ligação com o caso são convidadas a ficar de fora. É impossível para este tribunal conduzir o processo nesta situação", considerou a magistrada, Namrita Aggarwal, tentando restaurar a ordem em meio a uma multidão caótica de advogados e jornalistas.
Os advogados reunidos no complexo judicial de Saket, ao sul da capital federal, manifestaram contra uma defesa conferida aos réus, com idades entre 19 e 35 anos e que enfrentam a pena de morte pelo sequestro, estupro e assassinato de uma estudante de 23 anos.
Na semana passada, os advogados consideraram ser "imoral" defender os réus.
Segundo policiais do lado de fora do tribunal, os cinco acusados foram apresentados à magistrada, uma informação que não pôde ser confirmada pela AFP.
No final da manhã, vários furgões da polícia escoltados por dois carros da polícia foram vistos tentando entrar no complexo, sugerindo que os suspeitos, sob custódia há três semanas, tinham chegado.
Os cinco acusados , que vivem nas periferias de Nova Délhi, são Ram Singh, Mukesh Singh, Vijay Sharma, Pawan Gupta e Akshay Thakur.
Eles eram esperados para comparecer diante do tribunal na quinta-feira passada, mas não foram apresentados.
O sexto acusado, supostamente de 17 anos, foi submetido a exames ósseos para verificar a sua idade para ser julgado por um tribunal juvenil.
Na Índia, os réus geralmente são levados à justiça meses após o crime, mas, neste caso, o processo foi acelerado.
A natureza particularmente brutal desta agressão resultou, o que é raro para este tipo de caso, em manifestações em massa e provocou um intenso debate sobre a violência contra as mulheres e a apatia da polícia e da justiça diante este tipo de crime, que muitas vezes permanece impune.
Os réus são apresentados um pouco mais de uma semana após a morte da jovem em um hospital em Cingapura, para onde havia sido transferida após três cirurgias e uma parada cardíaca.
A polícia montou um forte esquema de segurança para a audiência, por temores de ataques contra os réus. Um homem foi preso na semana passada ao tentar plantar uma bomba perto da casa de um deles.
De acordo com especialistas, o tribunal deverá transferir o caso para outra Corte com poderes para acelerar a instrução.
"O tribunal vai perguntar se eles têm advogados e (no caso de resposta negativa) vai nomear um 'Amicus Curiae' (advogado) para lhes representar e oferecer a cada réu uma cópia da ata de acusação", indicou Vishwender Verma, advogado da Suprema Corte de Nova Délhi.
A vítima, cujo nome deve permanecer anônimo sob a lei relativa ao estupro, tinha passado a noite no cinema com o namorado, de 28 anos de idade.
Depois de tentar em vão parar vários riquixás, o casal entrou em um ônibus, que estava ocupado por um grupo de homens que tomaram o veículo para uma "noitada".
Os homens estupraram várias vezes a estudante, que foi agredida com uma barra de ferro e jogada para fora do veículo seminua. Seu companheiro também foi espancado e jogado do ônibus, de acordo com o próprio testemunho da acusação e o namorado.
No sábado, a promotoria indicou que os vestígios de sangue encontrados nas roupas dos acusados correspondiam ao sangue da vítima.
Em entrevista à AFP e a um canal de TV indiano, o namorado da vítima afirmou na sexta-feira a sua incapacidade de salvar a jovem diante da crueldade dos agressores. Ele também denunciou o tempo perdido pela polícia e a indiferença dos transeuntes, enquanto o casal sangrava na estrada.
Muitas vozes, incluindo da família da vítima, exigem o enforcamento dos autores.