O Japão vai aumentar o orçamento para a defesa neste ano pela primeira vez desde 2002, coincidindo com a crise territorial com a China.
O governo do primeiro-ministro conservador Shinzo Abe, no poder desde 26 de dezembro, prevê um aumento de 100 bilhões de ienes (873 milhões de euros, 1,15 bilhão de dólares) para o ano fiscal 2013, informou à AFP um funcionário do Partido Liberal Democrata (PLD), grande vencedor das legislativas de 16 de dezembro.
Com este aumento, o orçamento de defesa se situará em torno dos 4,7 trilhões de ienes, cerca de 41 bilhões de euros.
O orçamento militar não aumentava desde 2002 no Japão, que tem uma das dívidas mais altas do mundo, com 240% do PIB.
Em relação ao orçamento total, o aumento é relativamente modesto, mas mostra a vontade dos novos dirigentes japoneses de afirmar a posição regional do Japão, sobretudo em um período de tensões com o grande vizinho chinês e, embora em menor medida, com a Coreia do Sul.
As relações sino-japonesas entraram nos últimos quatro meses em um delicado momento devido ao conflito territorial no Mar da China Oriental. Pequim reivindica a soberania das ilhas Diaoyu, enquanto Tóquio, que as administra com o nome de Senkaku, não pretende ceder nem um milímetro.
Pequim envia regularmente navios patrulheiros às águas territoriais deste arquipélago desabitado 200 km a nordeste da costa de Taiwan e 400 km a oeste da ilha de Okinawa (sul do Japão), no mar da China Oriental. A China enviou no fim de dezembro uma aeronave para sobrevoar o arquipélago, o que provocou a saída imediata de caçadores japoneses.
Além de sua posição estratégica, o arquipélago pode abrigar hidrocombustíveis em seu fundo do mar.
Após a última incursão marítima na segunda-feira, Tóquio convocou nesta terça-feira o embaixador chinês no Japão.
Tóquio também trava um conflito territorial com Seul por um grupo de ilhas entre os dois países.
Segundo um estudo publicado em outubro pelo Center for Strategic and International Studies (CSOS), um think thank americano, os gastos em defesa dos maiores orçamentos - China, Índia, Japão, Coreia do Sul e Taiwan - praticamente dobraram em dez anos, embora na China tenham quadruplicado.
O total dos orçamentos militares destes cinco países chega a 224 bilhões de dólares em 2011, considerou o CSIS.