Os promotores do Ministério Público que têm em mãos o caso contra Bradley Manning, acusado de fornecer documentos dos Estados Unidos ao WikiLeaks, indicaram, esta quarta-feira, que vão apresentar provas de que a Al-Qaeda teve acesso a esses documentos.
No segundo dia de uma audiência preliminar do processo contra o soldado norte-americano, que decorre em Fort Mead, no estado norte-americano de Maryland, o delegado do Ministério Público Joe Morrow disse que o Governo irá apresentar provas de que membros da rede Al-Qaeda, incluindo o seu falecido líder, Osama bin Laden, tiveram acesso a diversos documentos militares e do Departamento de Estado que Manning terá alegadamente facultado ao WikiLeaks.
As provas incluem, em concreto, registos de conversações através da Internet, datados de fevereiro de 2010, entre Manning e o fundador do portal, Julian Assange, refere a agência noticiosa espanhola Efe.
Contudo, o Ministério Público terá demonstrar que Manning teria conhecimento que a rede terrorista tinha acesso aos documentos publicados pelo WikiLeaks e que o material que alegadamente forneceu era passível de causar danos à segurança nacional dos EUA.
A juíza presidente, Denise Lind, indicou que o julgamento de Bradley Manning, que durará cerca de seis semanas, será adiado pelo menos até ao dia 3 de junho, de forma a dar tempo para que as partes analisem os documentos que poderiam ser apresentados.
Soldado enfrenta prisão perpétua
Caso seja considerado culpado das 22 acusações que lhe são imputadas, e que incluem 'ajudar indiretamente o inimigo', o soldado poderá ser condenado a uma pena de prisão perpétua.
Contudo, em troca de uma pena reduzida, Manning propôs, esta quinta-feira, declarar-se culpado de acusações menores relacionadas com a entrega de determinados documentos ao WikiLeaks e outros delitos informáticos.
A estratégia da defesa é que Bradley Manning se declare culpado de apenas dez acusações que, no seu conjunto, resultariam numa pena de até 20 anos de cadeia.
Denise Lind vai anunciar uma decisão sobre as acusações que Manning planeia admitir, numa audiência marcada para o próximo dia 26 de fevereiro.
Na terça-feira, a magistrada rejeitou um pedido para que fossem eliminadas acusações contra Manning, mas concordou em reduzir em 112 dias a sua potencial sentença, por causa dos maus-tratos a que foi sujeito durante o tempo que permaneceu encarcerado numa prisão militar em Quantico (Virginia).
Bradley Manning é acusado de ter facultado ao portal WikiLeaks documentos secretos sobre as guerras no Iraque e no Afeganistão e de mais de 250.000 telegramas diplomáticos quando foi destacado para Bagdade como analista dos serviços secretos entre 2009 e 2010.