EUA apoiam controlo de armas, mas a maioria não perde o sono com isso

EUA apoiam controlo de armas, mas a maioria não perde o sono com isso

O tiroteio na Escola Primária de Sandy Hook deixou os norte-americanos mais preocupados com o controlo de armas, mas a aprovação de leis mais restritivas continua fora das prioridades da maioria.

A avaliar pela mais recente sondagem Washington Post/ABC News, 52% dos 1001 adultos inquiridos passaram a apoiar medidas mais duras após a morte de 20 crianças e sete adultos em Newtown, há um mês, mas o mesmo estudo indica que a maioria quer ver a Administração Obama e o Congresso mais preocupados com a economia, com a redução dos gastos públicos e com a reestruturação do sistema fiscal.

Menos importante do que o reforço do controlo de armas só alterações à legislação sobre as causas e o impacto do aquecimento global e sobre a política de imigração.

Enquanto a economia tira o sono a 68% dos inquiridos, os esforços da Casa Branca e do Congresso para restringir o acesso às armas está no topo das prioridades para apenas 32%. Neste caso, é notória a diferença das respostas consoante a cor partidária – o reforço do controlo das armas é o assunto mais importante para 53% dos inquiridos que se dizem eleitores do Partido Democrata, um valor que não ultrapassa os 19% no caso dos republicanos.

Mesmo em relação ao sentimento provocado pelo tiroteio em Newtown, é evidente a diferença de opiniões entre democratas e republicanos – 68% dos que ajudaram a eleger Obama dizem-se mais decididos a apoiar um controlo mais apertado, contra apenas 44% dos inquiridos que terão votado em Mitt Romney.

A importância dos exames

Mais do que a proibição ou a limitação da venda de armas semiautomáticas e de munições, são os exames às capacidades mentais e ao registo criminal dos potenciais compradores de armas que preocupam os americanos.

Segundo a sondagem, 51% apoiam a proibição de armas semiautomáticas e 58% defendem o fim da venda das chamadas "armas de assalto", mas as respostas às questões sobre os assuntos burocráticos indicam que a principal preocupação dos cidadãos está noutro lado: 88% querem que os organizadores de feiras e exposições de armamento sejam obrigados a investigar o perfil de potenciais compradores; 76% defendem a realização das mesmas verificações do perfil pessoal na compra de munições; e 71% apoiam a criação de uma base de dados com o registo de todas as armas vendidas.

O mesmo estudo indica que a proposta da National Rifle Association (NRA) de colocar uma pessoa armada em cada escola não está assim tão desfasada da realidade do país, com 55% dos inquiridos a concordarem com a solução do poderoso lobby.

Apesar de a opinião sobre a actual liderança da NRA não ser positiva – apenas 36% têm uma opinião favorável –, as duas propostas mais distantes entre si com vista à diminuição da violência com armas de fogo recolhem valores semelhantes de simpatia: 43% defendem leis mais restritivas e 41% acham que a melhor ideia é reforçar a segurança nas proximidades das escolas.

O plano da Casa Branca para o reforço do controlo de armas deverá ser apresentado ainda esta semana, mas Barack Obama já admitiu que não está confiante no apoio do Congresso a todas as medidas desenhadas pelo seu "vice", Joe Biden. Em conferência de imprensa, Obama afirmou que os legisladores vão ter de fazer "um exame de consciência" e comprometeu-se a "persistir vigorosamente" no caminho das propostas para reforçar o controlo.

Público