A “luta do século” já tem data e local marcados: depois de a Casa Branca ter apresentado um plano que pretende revolucionar a lei do controlo de armas, a National Rifle Association respondeu com um apelo aos seus associados para que unam esforços contra Barack Obama e Joe Biden, os “inimigos da liberdade”.
O apelo, repleto de referências bélicas, foi posto a circular numa carta enviada aos associados do poderoso lobby que promove o direito à posse de armas, pouco depois da apresentação das propostas da Administração Obama.
"Não se trata de proteger as crianças. Não se trata de parar a criminalidade. Trata-se de banir as vossas armas – ponto final!" O primeiro parágrafo da carta, assinada pelo director executivo da NRA, Wayne LaPierre, prepara o terreno para outros seis, que se vão estendendo num tom cada vez mais agressivo: "Na semana passada, a NRA participou numa reunião na Casa Branca que foi vendida ao público como uma 'discussão aberta' sobre a melhor forma de se melhorar a segurança nas escolas. Mas tudo não passou de uma mentira descarada", prossegue o texto.
Em vez de "discutirem verdadeiras soluções para manter as crianças em segurança", escreve Wayne LaPierre, "Barack Obama, Joe Biden e os seus aliados no Congresso apenas querem culpar-vos, vilipendiar-vos, intimidar-vos e retirar-vos as liberdades garantidas pela Segunda Emenda".
Entre acusações aos media – "Chamaram-nos terroristas e pior" –, a carta do director executivo da NRA é um toque a reunir. "Eu avisei-vos de que este dia iria chegar e chegou agora. Esta é a luta do século e eu preciso que estejam com a NRA mais do que nunca."
"Preciso que todos ponham um cartão de sócio na carteira e que se levantem e lutem pela nossa liberdade. Ninguém pode tomar a vossa posição nas linhas da frente desta batalha. Se perdermos agora, perderemos tudo", escreve LaPierre, antes de concluir: "Juntos, defenderemos a nossa liberdade."
NRA chama "elitista hipócrita" a Obama num vídeo "repugnante"
A escalada da guerra entre a NRA e Barack Obama atingiu um novo patamar na terça-feira, com a divulgação de um vídeo em que a associação chama ao Presidente dos EUA "um elitista hipócrita", pelo facto de as suas filhas terem protecção policial na escola que frequentam.
"Os filhos do Presidente são mais importantes do que os seus?", pergunta a NRA. A associação – que defende a presença obrigatória de pessoas armadas em todas as escolas do país – acusa o Presidente de querer protecção para os seus filhos e zonas livres de armas para os filhos dos restantes cidadãos.
Em resposta, a Casa Branca considerou o vídeo da NRA "repugnante". "A maioria dos americanos é da opinião de que as filhas do Presidente não devem ser usadas como peões numa luta política", afirmou o assessor de imprensa Jay Carney. "Ir ao ponto de transformar a segurança das filhas do Presidente no alvo de um anúncio é repugnante e cobarde", disse o assessor.