Inundações que já deixaram mais de 19.000 desabrigados e três mortos paralisaram grande parte da capital da Indonésia nesta quinta-feira, forçando at mesmo o presidente a arregaçar suas calças.
As águas barrentas que chegavam à altura da cintura paralisaram grande parte do centro de Jacarta, lar de 20 milhões de pessoas e cidade já famosa por seu trânsito caótico.
Motoristas ficaram presos em longos congestionamentos por horas durante a manhã e ciclistas empurraram bicicletas, que permaneciam apenas com o guidom e o assento visíveis em meio à água.
O presidente indonésio, Susilo Bambang Yudhoyono, foi visto no palácio presidencial com as calças enroladas até o joelho e com a água chegando em suas panturrilhas, ameaçando inundar os arbustos.
"Jacarta está inundada: espero que não haja muitas vítimas", disse aos fotógrafos, ordenando que policiais, militares e integrantes das equipes de proteção de desastres garantam a segurança.
As chuvas de monções forçaram mais de 19 mil pessoas a deixarem suas casas, de acordo com o governador de Jacarta, Joko Widodo.
O porta-voz da agência de gestão de desastres, Sutopo Purwo Nugroho, disse que o número de mortos chegava a três, depois que um homem de 45 anos foi eletrocutado nesta quinta-feira. Um menino de dois anos arrastado pelas águas e um homem de 46 anos também eletrocutado já haviam sido registrados como mortos nesta semana.
As águas começaram a baixar durante a tarde, mas as inundações prosseguiam em algumas áreas, incluindo o distrito central de negócios, onde hotéis de luxo e as embaixadas de França, Alemanha e Grã-Bretanha estavam cercados pelas águas.
Motoristas que tentavam evitar o dilúvio dirigiram por calçadas ou andaram na contramão em ruas de sentido único. Em algumas áreas, crianças colocaram balsas nas ruas, que mais pareciam canais.
"Jacarta, hoje, é uma enorme piscina. Todo mundo está brincando na chuva, andando na água e rindo. A desvantagem é que eu não tenho nenhuma ideia de como chegar em casa, provavelmente terei que andar por três horas", afirmou a funcionária administrativa Yohanna, de 32 anos, à AFP.
Autoridades subiram o alerta de inundação para seu nível mais alto no início desta quinta-feira, informou o porta-voz da agência de desastres Nugroho, descrevendo a cidade como "sitiada".
"A situação pode piorar nos próximos dias, já que a chuva mostra poucos sinais de abatimento", explicou à AFP.
Mas, enquanto as equipes de resgate corriam para evacuar os moradores, o porta-voz do ministério do Bem-Estar, Tito Setiawan, disse que a situação estava sob controle.
"Enviamos caminhões e balsas para levar as vítimas cujas casas foram inundadas para os abrigos temporários. Também iremos fornecer comida, água e ajuda humanitária", afirmou.
A Indonésia é atingida regularmente por enchentes e deslizamentos de terra mortais durante a estação chuvosa, que dura cerca de metade do ano, e muitos na capital vivem ao lado de rios que transbordam periodicamente.