Os soldados do Mali patrulhavam nesta terça-feira Diabali enquanto o exército francês decidiu permanecer fora desta localidade, retomada na segunda-feira junto a Douentza das mãos dos islamitas armados, que ocupam grande parte do país.
Onze dias após o início da intervenção militar francesa que freou o avanço dos islamitas em direção ao sul, o chefe do Estado-Maior do exército malinense assegurou que a libertação de Gao e Timbuctu, os dois principais bastiões islamitas no norte do país, pode ocorrer em menos de um mês.
"Nosso objetivo é a libertação total das regiões do norte do Mali. Se tivermos apoios suficientes, não precisaremos de mais de um mês para tomar Gao e Timbuctu", disse o general Ibrahima Dahirou Dembélé à Rádio França Internacional (RFI).
Gao (1.200 km de Bamako) e Timbuctu (a 900 km da capital) são duas das principais cidades do norte do Mali, nas mãos há nove meses de grupos islamitas armados.
Nesta terça-feira, os soldados malinenses percorriam as ruas de Diabali, 400 km ao norte de Bamako, assim como na noite anterior, indicou um jornalista da AFP. Como já havia sido anunciado, os soldados franceses se retiraram depois de terem tomado o controle da localidade.
"Não temos a intenção de ficar aqui, vamos deixar a cidade nas mãos dos malinenses", disse na segunda-feira à AFP o coronel francês Frédéric, chefe das operações no setor. O exército francês parece reticente em parar nas cidades e, uma vez retomadas, as deixa nas mãos do exército do Mali.
Uma coluna de cerca de trinta veículos blindados na qual havia 200 soldados do Mali e da França entrou na segunda-feira em Diabali, sem encontrar resistência, sob os aplausos da população, que gritava "Viva França!".
Diabali caiu nas mãos dos islamitas no dia 14 de janeiro após um ataque surpresa.
Também na segunda-feira, outra coluna franco-malinense retomou o controle de Douentza, a 800 km de Bamako, outra localidade nas mãos desde setembro de grupos islamitas do Movimento para a Unidade e a Jihad na África Ocidental (Muyao).
A cidade encontra-se em uma estrada estratégica que leva às grandes cidades do norte (Timbuctu, Gao e Kidal) que os grupos islamitas, entre eles a Al-Qaeda no Magreb Islâmico (Aqmi), tomaram no fim de março de 2012.
Várias fontes asseguram que os islamitas estão recuando em direção a Kidal, no extremo nordeste do país, junto à fronteira com a Argélia.
500 milhões de dólares para a MISMA
No total, cerca de 2.150 soldados franceses já estão no Mali, um número que aumentará nos próximos dias. No entanto, vários países seguem respondendo ao pedido da Comunidade Econômica de Estados da África Ocidental (Cedeao) de ajuda logística e financeira para mobilizar a Missão Internacional de Apoio ao Mali (Misma), que terá um total de 6.000 soldados africanos.
O presidente da comissão da Cedeao, Désiré Kadré Ouédraogo, pediu à comunidade internacional que se mobilize para financiar a missão, que avalia em "500 milhões de dólares" (375 milhões de euros).
Por sua vez, a União Europeia, discreta até agora, propôs organizar uma reunião internacional sobre o Mali no dia 5 de fevereiro em Bruxelas com a participação de União Africana, Cedeao e ONU.
Em Bamako, a capital, o estado de emergência, em vigor desde 12 de janeiro, foi prorrogado na segunda-feira por mais três meses para garantir "o bom desenvolvimento das operações militares em curso para liberar as regiões ocupadas (...) e manter um clima social sereno", indicou o governo.