O Reino Unido revelou esta quinta-feira que os ocidentais na cidade de Bengasi correm um risco "real e iminente" e apelou aos seus cidadadãos para abandonarem a cidade líbia de imediato. A Alemanha e a Holanda fizeram apelos iguais.
"Sabemos que há uma ameaça ‘específica e iminente’ dirigida aos ocidentais em Bengasi", anunciou o Foreign Office (Ministério dos Negócios Estrangeiros). Os britânicos não deram mais pormenores sobre a ameaça.
A 11 de Setembro do ano passado, um atentado nesta cidade que foi o quartel general da inssurreição contra o antigo líder do país, Muammar Khadafi, matou quatro americanos, entre eles o embaixador. O ataque à embaixada dos EUA fez parte de uma vaga de violência contra os estrangeiros, em particular ocidentais (diplomatas, militares, polícias).
Khadafi foi preso e morto no culminar de uma revolução que gerou uma guerra civil, em 2011.O número de grupos armados aumentou desde então, o o novo Governo não conseguiu manter o país unido e seguro. A cidade de Bengasi tornou-se um campo de batalha entre vários grupos islamistas. O Foreign Office adianta apenas no seu comunicado que a Al-Qaeda no Magrebe islâmico está a crescer — pelo menos 38 pessoas foram assassinadas numa tomada de reféns no complexo de gás natural de In Amenas, na Argélia, na semana passada, e alguns dos raptores poderão ter estado envolvidos no ataque à embaixada norte-americana de Setembro.
Um porta-voz da embaixada britânica em Trípoli, a capital da Líbia, especificou à Reuters que há poucos ocidentais em Bengasi, precisamente devido à violência presistente. Mas não pôde dar números concretos.
"A situação em Cirenaica (no este da Líbia) não é apenas preocupante, é muito preocupante. Todos estão em alerta", disse um diplomata ocidental à Reuters. "À luz dos acontecimentos mais recentes [Argélia e Mali, onde está em curso uma intervenção militar francesa contra os islamistas que controlavam o norte do país e estavam a avançar para sul, em direcção à capital, Bamaco], este apelo pode ser apenas uma medida de precaução".
Saad al-Saitim, chefe do conselho local do novo poder em Bengasi, disse que este alerta de Londres, que foi seguido pela Alemanha e Holanda, é "um revés", uma vez que vai incitar "o medo num momento em que as pessoas precisam de se manter unidas e ao nosso lado". Saitim confirmou que há poucos estrangeiros em Bengasi e que são poucos os consulados estrangeiros ali existentes.
A British Airways anunciou que mantém os seus três voos semanais de Trípoli para Londres, sendo o próximo no domingo.